De acordo com Pagot, em um jantar na casa de Demóstenes, o ex-parlamentar relatou que tinha “dívidas” com a Delta, já que a construtora teria dado dinheiro para a campanha dele ao Senado.
O G1 procurou o ex-senador por telefone nesta terça, mas, até a última atualização desta reportagem, não tinha conseguido localizá-lo.
“Terminou o jantar e ele me convidou para uma sala reservada. Ele me disse: ‘Tenho dívidas com a empresa Delta, porque ela apoiou minha campanha. Preciso ter obra com meu carimbo.’ Eu disse que é lamentável que eu não poderia atendê-lo, que não tinha possibilidade de o diretor do Dnit ir para o mercado e dizer: ‘reserve uma obra para a Delta’”, relatou Pagot.
De acordo com o ex-diretor do Dnit, no jantar oferecido por Demóstenes estavam presentes o presidente licenciado da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor da empresa no Centro Oeste Claudio Abreu, que foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Abreu já foi liberado. O encontro na casa do ex-parlamentar teria ocorrido, segundo Pagot, em fevereiro de 2011.
“Para minha surpresa havia vários diretores da Delta. [...] Foi conversado sobre vinhos, sobre o desenvolvimento do Brasil. O senador me perguntou se ia ter dinheiro para executar todas as obras do PAC I e PAC II. Me perguntou isso várias vezes”, relatou.
As investigações da Polícia Federal apontam que a Delta repassou dinheiro para empresas de fachada ligadas a Cachoeira, supostamente usado para pagamento de propina e caixa dois em campanhas.
O pedido para chamar Pagot à CPI do Cachoeira foi apresentado após ele declarar, em entrevistas, que teria deixado o Dnit por pressão do grupo de Cachoeira. Segundo Pagot, Cachoeira defendia interesses da Delta no órgão. O ex-diretor do Dnit afirmou também, em declarações à imprensa, que era procurado por diversos partidos para captar, junto a empreiteiras, doações ilegais para campanhas políticas.
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