Ampliar a pavimentação e garantir a infraestrutura urbana das cidades é uma das tarefas dos gestores municipais, mas aplicar os recursos disponíveis para a elaboração de projetos eficientes nesta área tem sido um desafio dos prefeitos. E esperança da população que tem de conviver com buracos e poeiras nas ruas dos bairros onde a pavimentação asfáltica ainda é um sonho distante.
Em dois bairros de Cuiabá, por exemplo, a diferença está no visual das calçadas: de um lado pode se verificar calçadas decoradas com jardinagens, mas de outro um buraco passa em frente ao portão. Para o comerciante Ricardo Freitas, andar pelas ruas do bairro é sempre um novo desafio. “A vida da gente é uma calamidade aqui. Na época da chuva é lama, quando é seca, é poeira"", afirmou.
Já outra moradora do bairro, a balconista Natalia Fermina de Almeida, relatou que o prejuízo para quem vive longe do asfalto vai além da poeira levantada pelos veículos. ""Não é só a má qualidade do asfalto, mas também por conta do esgoto a céu aberto, lixo parado na porta de casa"", pontuou.
Para asfaltar um quarteirão com cerca de 100 metros, com guias e sarjetas, o serviço pode custar até R$ 35 mil reais. O trecho pode se desgastar com o tempo e a durabilidade do asfalto pode estar relacionada ao preparo do solo, embaixo da massa asfáltica, sendo que um asfalto de qualidade pode durar mais de 50 anos.
A elaboração de um projeto de pavimentação começa na tela do computador e termina na execução da obra. Os engenheiros da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) fazem em média 100 projetos por mês e quase 10% são de pavimentação. “O problema do asfalto ceder com o tempo é justamente problemas na base e sub-base, seja por infiltrações, ou por capacidade de carga abaixo do esperado. E ocorre porque a informação do projeto não foi aplicada corretamente”, explicou o engenheiro civil Alexandre César Morais.
Do outro lado da cidade, as ruas pavimentadas e infraestrutura urbana são resultados de empenho dos moradores que se uniram para reivindicar à prefeitura a destinação de recursos para a região. No local, duas praças foram construídas com doações e recursos obtidos com eventos realizados pela comunidade.
A presidente da Associação de Moradores, Rosa Ferreira, afirmou que a organização e união dos moradores contribuíram para melhor qualidade urbana do bairro. “Aqui a situação é organizada porque nós moradores somos unidos. Quando você pede apoio de um morador, todos vem ajudar. Daí o poder público faz uma parte, a comunidade faz outra”, explicou.
Segundo a especialista em gestão púbica da Universidade Federal de Mato Grosso, Renildes Oliveira, é obrigação do prefeito investir parte do orçamento na pavimentação e infraestrutura urbana, mas nem sempre estes gastos são calculados. Conforme Renildes, a prefeitura gasta grande parte do orçamento com saúde, educação, folha de pagamento e sobra pouco para as obras como a pavimentação urbana.
“Para que ele possa asfaltar um bairro a despesa tem de estar prevista na lei orçamentária do município. O gestor precisa de recursos disponíveis, precisa mostrar da onde vem esse recurso, não podendo gastar o que não tem”, reiterou.
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