O desafio sob os viadutos

Com a inauguração do primeiro de uma série de viadutos que a Grande Cuiabá passará a ter em decorrência da Copa do Mundo de 2014, surge um dilema para a cidade: o que fazer para as estruturas não se transformarem abrigo de dependentes de drogas e moradores de rua.

Um projeto de lei apresentado na última semana na Câmara Municipal pelo vereador Oséas Machado propõe algumas alternativas. De acordo com o vereador, nos espaços seria implementada uma série de atividades comerciais e não comerciais. Outro pensamento de Oséas leva à prática esportiva, já que o local comporta aparelhos propícios à ginástica de pessoas da terceira idade e portadores de necessidades especiais.

Outra ideia seria a implantação de banheiros e bebedouros públicos. Segundo o vereador, Cuiabá inteira carece de opções nesse sentido. Os bebedouros, por exemplo, são um ajuda para quem está na rua e precisa se hidratar.

"Em resumo, são muitas as opções para ocupar o espaço existente e todas são úteis à capital" comenta o vereador, que se diz preocupado com o espaço que pode se tornar uma área de risco social.

O engenheiro e professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cláudio Cruz Nunes, afirma que a proposta é viável, porém é preciso se aprofundar nas avaliações sobre a área.

Segundo o profissional, um estudo poderá identificar melhor como a área pode ser utilizada, ou seja, quais atividades presentes nas ideias do vereador seriam úteis para o espaço.

A acústica, segundo ele, é um dos maiores problemas embaixo de viadutos, uma vez que o local não é ideal para confortar as pessoas, e que é difícil se acostumar com o barulho.

Outro fator preocupante, segundo o professor, é com a estrutura. Segundo ele, qualquer obra feita de forma errada poderá comprometer a estrutura pronta do viaduto.

Para Laise Ferrari, que mora em um prédio próximo ao viaduto do Despraiado, se for possível usar os espaços, é mais um ganho da sociedade e por isso apoia a ideia do vereador.

"Além de trazer mais um espaço de convivência para a população, já reduz as chances do local se tornar um problema para os governantes", complementa.

Ocupar essas áreas já é uma preocupação em grandes centros urbanos. Em Belo Horizonte, por exemplo, um coletivo de arte organiza batalhas de Hip Hop e exposição de arte todas às sextas-feiras em um dos viadutos.

Fora do país, como em Berlim, na Alemanha, a área existente na parte inferior de alguns viadutos foi revitalizada e passou a receber lojas, restaurante e galerias, passando a ser também um atrativo turístico.

O projeto de lei ainda não foi votado, pois segundo a assessoria do vereador, faltaram alguns documentos que reforçam o questionamento do parlamentar, mas deve entrar na pauta de votação nesta semana.