O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, cogita começar a desativação do sinal analógico de televisão a partir de 2014 para dar lugar à internet de quarta geração (4G) na mesma faixa de frequência. Segundo o ministro, o leilão para a banda de 700MHz deverá ser realizado no segundo semestre de 2013. "Preciso conversar com os radiodifusores", disse.
Com a instalação do modelo de TV digital no Brasil, as emissoras de televisão tinham o prazo para desativação do modelo analógico até 2016. Paulo Bernardo pensa em antecipar o desligamento do sinal em regiões totalmente digitalizadas como grandes cidades, e dar um prazo maior para regiões com mais dificuldades de digitalização.
O presidente da Telefônica/Vivo no Brasil, Carlos Valente, vê "com muito otimismo a decisão de colocar o leilão para 2013". Ele alega que o consolidado mercado americano trabalha com ondas na faixa de 700MHz, o que facilita a importação e uso de aparelhos fabricados para este tipo de tecnologia.
O Brasil já licitou faixas de frequência de 2,5GHz para telefonia urbana e 450 MHz para telefonia rural. A faixa de 2,5GHz tem capacidade para transmitir um maior volume de dados em 4G, mas em raio de alcance menor. Isso faz com que as empresas de telefonia tenham de gastar mais com instalação de antenas. A faixa de 700MHz trafega menor quantidade de dados numa área mais abrangente, sendo menos onerosa às empresas.
"Chorumela"
Paulo Bernardo minimizou as reclamações de algumas empresas de telefonia que pedem um valor de outorga para a licitação mais baixo. Os empresários alegam que neste ano já desembolsaram muito dinheiro com o leilão da faixa de 2,5GHz. Segundo o ministro, não passa de "chorumela".
"Acabou o leilão (da faixa de 2,5GHz) e eles já foram atrás de nós para o leilão dos 700MHz. Eles estão desdenhando para ver se compram mais barato", disse em tom bem humorado.
O ministro sinalizou que o governo deverá estabelecer uma série de obrigações e cobrar de fato um valor de outorga mais baixo. Ele comparou o leilão do 4G na França e na Itália. No primeiro país, a arrecadação foi de 800 milhões de euros, com muito mais regras. Os italianos arrecadaram mais de 4 bilhões de euros, mas sem estabelecer nem data para início. Paulo Bernardo é simpático à solução francesa.
Comentários