Uma rara visita do ministro da Defesa da China, general Liang Guanglie, à Índia deve ajudar a evitar atritos ao longo da fronteira entre os dois gigantes asiáticos, ambos detentores de armas nucleares, num momento em que o governo chinês está às voltas com mudanças na liderança do país e problemas com nações vizinhas no Mar do Sul da China.
Mas a visita de Liang - a primeira de um ministro chinês da Defesa em oito anos - também é uma evidência da crescente competição entre as duas potências emergentes, que travam um disputa por influência e recursos na Ásia.
Liang deve chegar a Mumbai, na Índia, neste domingo, depois de uma parada no Sri Lanka, o Estado-ilha ao sul da Índia, localizado em uma rota marítima vital para o comércio.
No Sri Lanka Liang procurou minimizar os temores de que a China esteja armando um "colar de pérolas" na região, ou seja, cercando os países asiáticos ao financiar infraestrutura e poderio militar de vizinhos, desde o Paquistão às Maldivas.
"A China atribui grande importância a suas relações com nações do sul da Ásia e se compromete a estabelecer cooperação em que as duas partes ganhem e haja uma coexistência harmoniosa e benéfica com elas", disse ele em discurso a soldados cingaleses.
Como vizinhos e potências emergentes, China e Índia mantêm relações complexas. O comércio cresceu em taxas surpreendentes, mas o governo chinês se preocupa com os laços estreitos entre a Índia e os Estados Unidos.
Da parte da Índia, as lembranças de uma guerra de fronteiras entre os dois países há cerca de meio século ainda estão vivas na memória do governo. Apesar de 15 rodadas de conversações para tentar resolver a disputa fronteiriça na região do Himalaia, nenhuma das partes está disposta a ceder território. O assunto não deve entrar na pauta da visita de Liang.
Analistas dizem que a visita de Liang vai demonstrar que a China está gerenciando bem suas relações com a Índia, quando faltam poucos meses para a transição de poder no governo chinês. "Os líderes da China têm um objetivo básico: como vamos prosseguir sem nenhuma convulsão", disse o diretor da Fundação Nacional Marítima, Uday Bhaskar, entidade de pesquisas e estudos de Nova Délhi.
No Sri Lanka, Liang prometeu ajuda militar no valor de US$ 12 milhões, além dos bilhões de dólares gastos no apoio dado ao presidente Mahinda Rajapaksa, na luta para encerrar uma guerra civil de 25 anos de duração e reconstruir portos e estradas arruinados pelo conflito.
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