Plantas com ferrugem na entressafra ameaçam ciclo da soja em MT
A 15 dias do início do plantio de soja em Mato Grosso, o Estado pode dar o pontapé inicial à safra 2012/13 em meio a ameaças reais de contaminação das lavouras com a temida ferrugem asiática, fungo que provoca intensa redução na produtividade da oleaginosa.
De acordo com Luiz Nery Ribas, gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), vistorias feitas neste momento de entressafra indicam que grande parte das plantas que nascem involuntariamente (também chamadas de “guaxas”) estão infectadas. “O produtor fez os tratos corretos no campo. O problema são as margens das rodovias, os pátios de empresas compradoras e os perímetros urbanos, onde nasce a soja que escapou dos caminhões durante o transporte”, diz Ribas.
A explicação para a elevada contaminação é que as chuvas se estenderam além do normal neste ano em Mato Grosso, até o final de junho — o que favoreceu a cultura do milho, mas sustentou muitas plantas “guaxa”. Desde 2006, uma lei estabeleceu o vazio sanitário, que impede os produtores do Estado de cultivar soja entre 15 de junho e 15 de setembro. O objetivo é eliminar as chances de que se crie a chamada “ponte verde”, quando se mantém a soja viva na entressafra, em meio às condições ideais para a proliferação da ferrugem, com calor e elevada umidade.
Para Ribas, o risco de nascer soja com ferrugem é “muito alto” este ano. “O nosso alerta é para a comunidade em geral, porque o efeito dominó é violento: a doença reduz a produtividade e aumenta os custos com aplicação de fungicidas, com uma consequência direta na arrecadação dos municípios”, afirma.
A Aprosoja tem promovido conversas com agentes da cadeia de produção do grão, na tentativa de organizar uma ação imediata contra o problema. A solução, segundo a entidade, é arrancar essas plantas e enterrá-las, ou mesmo colocá-las num saco bem lacrado. Tudo para evitar que os esporos da ferrugem fiquem no ar e possam ser levados por correntes de vento a plantios comerciais.
A região Sul de Mato Grosso é a mais afetada pela soja “guaxa” contaminada, em especial o município de Primavera do Leste. Desde que a ferrugem foi detectada pela primeira vez no Brasil, há uma década, as perdas causadas pela doença somam US$ 21 bilhões — praticamente a metade desse montante em Mato Grosso
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