Em maio do ano passado, Mônica Reichert Weyh, de 23 anos, recebeu o diagnóstico. As dores no pescoço eram sintomas de um câncer linfático. Foram cinco dias em coma e meses de quimio e radioterapia. Para não perder o semestre na universidade, ela foi autorizada a estudar em casa e conseguiu se formar em matemática. “Estar ali, junto com meus colegas, me formando, na colação de grau, foi bastante emocionante”, lembra a professora.
Depois de vencer a doença e conseguir o diploma, Mônica começou a procurar emprego. No entanto, esbarrou em outro obstáculo, que ela considera mais difícil que o câncer: a discriminação. Ela já estava dando aulas em duas escolas estaduais, em regime emergencial, quando foi fazer a perícia médica do estado e preencher os papéis para a contratação. "Em um questionário, perguntavam se algum dia a pessoa teve câncer. E eu não tinha porque mentir. Respondi que sim”, relata Mônica.
Junto com o questionário, Mônica ainda anexou um laudo da médica responsável pelo tratamento confirmando que ela estava curada. Porém, dias depois, a professora foi considerada inapta para dar aulas. “Ela disse com estas palavras: ‘Tu foste descartada’. Pra mim, parecia que o chão tinha desaparecido de novo. Mesmo parada eu continuei fazendo provas e ajudando os alunos porque era final de trimestre e eu queria que eles fechassem as notas”, conta a professora.
Inconformada, ela procurou outra vez o Departamento de Perícias e um novo laudo foi emitido. Dessa vez, por uma junta de médicos, que a considerou apta para o trabalho. Mesmo assim, a Secretaria Estadual da Educação não autorizou que ela voltasse à sala de aula.
Para o diretor do Departamento de Perícias Médicas e Saúde do Trabalhador (Dmest), há um engano no caso de Mônica. O laudo que vale é o último, que garante que ela pode trabalhar. “Sempre haverá o direito de recurso. Isto está na nossa Constituição e não seria, logicamente, um órgão estatal que iria a constituição. O comunicado do Dmest é de que a candidata está apta para o exercício da função”, disse o diretor do órgão, Glei Menezes.
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Educação informou que vai rever o caso e contratar a professora. “Tenho grandes esperanças, estou lutando por isso, correndo atrás não só por mim, mas pelos meus alunos. Eu me encontrei nessa profissão”, afirma Mônica.
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