Pelo terceiro dia, produtores rurais e moradores da comunidade Posto da Mata, em Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, mantêm o bloqueio na BR-158 nesta quinta-feira (6) em protesto contra a desocupação da terra indígena Marãiwatsédé. A Justiça Federal determinou que de cerca de sete mil famílias deixem o local até 1º de outubro deste ano. No entanto, elas mostram resistência e pedem a suspensão da decisão judicial que concedeu direito de posse aos índios xavantes.
Os produtores aguardavam uma reunião com um representante do governo federal nesta quarta-feira (5), que não aconteceu. Desse modo, de acordo com Paulo Gonçalves, da Associação de Produtores Rurais da Gleba Suiá Missú, agora um dos membros da entidade foi a Brasília pedir apoio dos parlamentares da bancada federal de Mato Grosso para intervir junto à Presidência da República na tentativa de reverter a decisão que determinou a desocupação.
"Não vamos abrir mão disso. Se a polícia vier, terá de nos tirar à força. A maioria das famílias só tem aquela propriedade e parece que ninguém se atentou para isso", disse Gonçalves ao G1. Ele argumenta que não tem motivo para os índios pedirem a área que foi concedida às famílias por meio da reforma agrária, já que o governo do estado ofereceu uma área maior para os indígenas no Parque Estadual do Araguaia.
Enquanto não receberem posicionamento do governo federal, os manifestantes prometem manter a interdição. Eles permitem o tráfego somente de ambulâncias e carros oficiais. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que está no local para orientar os motoristas sobre o bloqueio, não há vias alternativas aos motoristas, exceto as estradas que passam por dentro das fazendas.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), os índios foram retirados do local no período do regime militar e transferidos para uma aldeia que fica a 600 quilômetros. Em seguida, a propriedade passou a ser vendida várias vezes.
Comentários