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Terça - 11 de Setembro de 2012 às 10:01

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Trabalhadores de frigoríficos sofrem com más condições de trabalho; JBS foi autuado
Trabalhadores de frigoríficos sofrem com más condições de trabalho; JBS foi autuado

Uma reportagem divulgada na segunda-feira (10) pela ONG (Organização Não Governamental) Repórter Brasil, intitulada “Moendo Gente”, mostrou a situação degradante a que são submetidos os funcionários dos três principais frigoríficos do país: Brasil Foods, JBS e Marfrig. A ONG é coordenada pelo jornalista e blogueiro do Portal UOL, Leonardo Sakamoto.

Em Mato Grosso, a JBS e a Brasil Foods foram obrigadas pela Justiça a conceder pausas a seus empregados, durante as jornadas de trabalho, nos municípios de Lucas do Rio Verde, Juara, Água Boa e Barra do Garças. Além disso, em algumas unidades, a Justiça determinou que o expediente não fosse estendido.

O objetivo, segundo as decisões judiciais, é garantir a recuperação do organismo e preservar a saúde dos funcionários, que trabalham expostos ao ambiente gelado por muito tempo – normalmente, com temperaturas abaixo de 15º C.

Em Barra do Garças (509 km a Leste de Cuiabá), por exemplo, o MPT (Ministério Público do Trabalho) obteve dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que apontam 142 acidentes que aconteceram na unidade da JBS localizada o município, no período entre janeiro de 2005 e abril de 2011.

Os problemas mais comuns relatados pelo MPT foram entorses, fraturas, dorso-lombalgias, tendinites e síndrome de túnel de carpo (doença resultante da compressão de um nervo na região do punho).

Para o órgão fiscalizador, a combinação de jornadas exaustivas de trabalho, movimentos repetitivos e baixas temperaturas expõem os trabalhadores a graves problemas de saúde.

Em nota oficial, a Brasil Foods disse que respeita os trabalhadores e a legislação em vigor, agindo preventivamente em suas unidades e firmando acordo com o MPT, nos casos em que alguma irregularidade realmente fosse confirmada.

A empresa afirmou ainda que a legislação vigente possui lacunas que possibilitam interpretações diversas, o que pode levar os casos à Justiça.

Já a JBS afirmou que existem decisões favoráveis e contrárias à empresa na Justiça e que existe um grupo liderado pelo MPT elaborando uma regulamentação específica para quem exerce atividade em área refrigerada.

 A empresa salientou ainda que fornece todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessários e também equipamentos de proteção coletivos, exigindo o seu uso, bem como investindo em melhorias nas instalações de suas unidades.

Profissão de risco

Além da exposição constante a instrumentos cortantes e os movimentos repetitivos que podem gerar lesões e doenças, quem trabalha em um frigorífico normalmente sofre pressão psicológica para acompanhar o ritmo acelerado de produção e suporta jornadas exaustivas de trabalho, até mesmo aos sábados, em ambientes fechados e gelados.

Entre os problemas de saúde mais comuns naqueles que trabalham com abate e processamento de carne nas indústrias estão traumatismos variados, tendinites, queimaduras e até mesmo transtornos mentais.

A reportagem feita pela ONG Repórter Brasil reúne textos, vídeos e dados relacionados ao cotidiano de funcionários destes que são considerados os três maiores frigoríficos do país e que fornecem carne para as principais redes de fast-food, supermercados e indústrias alimentícias espalhadas por 150 países.

Vale lembrar que a JBS, a Brasil Foods e a Marfring estão entre os 20 principais grupos exportadores do Brasil, país que lidera o ranking mundial de exportação de frango e carne bovina. Em 2011, o setor exportou US$ 15,64 milhões.

Na última década, o número de animais abatidos dobrou e, atualmente, há 209 milhões de cabeças de gado e mais de 1 bilhão de frangos sendo criados no país para o abate.
 






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