No Estado, unidades da JBS e da Brasil Foods já foram alvos da Justiça
ONG mostra situação degradante em frigoríficos de MT
Uma reportagem divulgada na segunda-feira (10) pela ONG (Organização Não Governamental) Repórter Brasil, intitulada “Moendo Gente”, mostrou a situação degradante a que são submetidos os funcionários dos três principais frigoríficos do país: Brasil Foods, JBS e Marfrig. A ONG é coordenada pelo jornalista e blogueiro do Portal UOL, Leonardo Sakamoto.
Em Mato Grosso, a JBS e a Brasil Foods foram obrigadas pela Justiça a conceder pausas a seus empregados, durante as jornadas de trabalho, nos municípios de Lucas do Rio Verde, Juara, Água Boa e Barra do Garças. Além disso, em algumas unidades, a Justiça determinou que o expediente não fosse estendido.
O objetivo, segundo as decisões judiciais, é garantir a recuperação do organismo e preservar a saúde dos funcionários, que trabalham expostos ao ambiente gelado por muito tempo – normalmente, com temperaturas abaixo de 15º C.
Em Barra do Garças (509 km a Leste de Cuiabá), por exemplo, o MPT (Ministério Público do Trabalho) obteve dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que apontam 142 acidentes que aconteceram na unidade da JBS localizada o município, no período entre janeiro de 2005 e abril de 2011.
Os problemas mais comuns relatados pelo MPT foram entorses, fraturas, dorso-lombalgias, tendinites e síndrome de túnel de carpo (doença resultante da compressão de um nervo na região do punho).
Para o órgão fiscalizador, a combinação de jornadas exaustivas de trabalho, movimentos repetitivos e baixas temperaturas expõem os trabalhadores a graves problemas de saúde.
Em nota oficial, a Brasil Foods disse que respeita os trabalhadores e a legislação em vigor, agindo preventivamente em suas unidades e firmando acordo com o MPT, nos casos em que alguma irregularidade realmente fosse confirmada.
A empresa afirmou ainda que a legislação vigente possui lacunas que possibilitam interpretações diversas, o que pode levar os casos à Justiça.
Já a JBS afirmou que existem decisões favoráveis e contrárias à empresa na Justiça e que existe um grupo liderado pelo MPT elaborando uma regulamentação específica para quem exerce atividade em área refrigerada.
A empresa salientou ainda que fornece todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessários e também equipamentos de proteção coletivos, exigindo o seu uso, bem como investindo em melhorias nas instalações de suas unidades.
Profissão de risco
Além da exposição constante a instrumentos cortantes e os movimentos repetitivos que podem gerar lesões e doenças, quem trabalha em um frigorífico normalmente sofre pressão psicológica para acompanhar o ritmo acelerado de produção e suporta jornadas exaustivas de trabalho, até mesmo aos sábados, em ambientes fechados e gelados.
Entre os problemas de saúde mais comuns naqueles que trabalham com abate e processamento de carne nas indústrias estão traumatismos variados, tendinites, queimaduras e até mesmo transtornos mentais.
A reportagem feita pela ONG Repórter Brasil reúne textos, vídeos e dados relacionados ao cotidiano de funcionários destes que são considerados os três maiores frigoríficos do país e que fornecem carne para as principais redes de fast-food, supermercados e indústrias alimentícias espalhadas por 150 países.
Vale lembrar que a JBS, a Brasil Foods e a Marfring estão entre os 20 principais grupos exportadores do Brasil, país que lidera o ranking mundial de exportação de frango e carne bovina. Em 2011, o setor exportou US$ 15,64 milhões.
Na última década, o número de animais abatidos dobrou e, atualmente, há 209 milhões de cabeças de gado e mais de 1 bilhão de frangos sendo criados no país para o abate.
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