A empregada doméstica e mãe da adolescente, Elisa Regina Correia de 41 anos, disse ao G1 em entrevista por telefone que não descarta nenhuma informação, mesmo que muitas vezes sejam trotes. Sem condições financeiras, pai e mãe alugaram um carro para ir atrás das pistas. “Está sendo muito difícil viver com essa agonia, é um sofrimento. Nós nos apegamos em qualquer coisa, mesmo que seja irreal. Certa vez, meu marido alugou um carro e andamos mais de duas horas sem parar e, quando chegamos ao local informado, não encontramos nada”, contou Elisa.
Questionada sobre o perigo de ir a algum lugar desconhecido e sem nenhuma segurança, a mãe disse que, para encontrar a filha, não vai medir nenhum esforço. Disse ainda que repassa todas as informações para a polícia da cidade, mas não obtém retorno. “Sempre estamos indo à delegacia e não temos nenhuma posição. Os policiais dizem que minha filha pode ter sido sequestrada ou pode ter fugido de casa. Hipóteses que nós descartamos, ela é uma menina ótima e nos dávamos muito bem. Não temos luxo, mas tínhamos uma família feliz. Mas por outro lado, pensamos que ela está em algum cativeiro precisando de ajuda”, disse.
Foto na novela
Na última semana, a foto de Amanda Correia foi divulgada em rede nacional, ao final dos capítulos da novela “Amor Eterno Amor” da Rede Globo. Para a mãe da adolescente, com esta exposição crescem as esperanças para que mais pessoas reconheçam a filha em qualquer canto do Brasil.
Ajuda da família
A cunhada do pai de Amanda, Jerusa Eugênio da Silva, deixou, no Rio de Janeiro, o marido, os filhos e os netos para dar suporte aos pais da jovem. “Esse é um momento que não desejo para ninguém, meus cunhados estão transtornados. A minha sobrinha é extremamente vaidosa, uma criatura amável, estudiosa e nunca deu problemas aos pais”, relatou a tia da adolescente.
Jerusa Eugênio contou que todas as vezes que o telefone toca, bate a esperança, que logo desaparece. O pai da adolescente trabalha em Castelo como pedreiro, já a mãe como empregada doméstica, há dez anos na mesma casa. Os dois voltaram ao trabalho há, aproximadamente, 10 dias. “Conseguimos convencê-los a ocupar a mente. O psicológico dos dois está muito abalado e por isso vou ficar aqui por mais tempo”, contou.
Investigações
O titular da Delegacia de Pessoas Desaparecidas, Sérgio Melo, informou que os trabalhos de investigação estão sendo realizados pelo Distrito Policial de Castelo, Delegacia Anti Sequestro, de Pessoas Desaparecidas e por outras delegacia com ajuda técnica. “As investigações são lentas, mas não podemos desanimar e pensar que nada está sendo feito. As instituições estão empenhadas em termos de rastreamento e questões técnicas. Nas primeiras semanas muitas pistas são dadas, apuradas e algumas descartadas. Mas com o tempo vão diminuindo, e a incidência acaba”, informou Melo.
O delegado disse ao G1 que no Espírito Santo são registrados anualmente, aproximadamente, mil casos de desaparecimento. Desses, 90% não são solucionados em menos de um ano. Os casos se repetem com mais frequência com as meninas na faixa etária de 11 a 17 anos.
De acordo com o delegado, quando se trata de adultos, 20% dos casos são de desaparecimento clássico, em que o indivíduo se envolve em algum acidente ou por problemas mentais não consegue voltar para casa. “Os outros 80% ficam por conta das evasões, fugas, endividamentos ou pessoas que se ausentam por que querem. Muitas vezes tem até mandados de prisão em aberto”.
O delegado não quis dar detalhes sobre o caso da adolescente Amanda Correia para não atrapalhar as investigações. O processo da jovem tramita na 2ª Vara criminal de Castelo e foi decretado segredo de Justiça.
Serviço
Delegacia de Pessoas Desaparecidas
Endereço: Avenida Nossa Senhora da Penha, Vitória, Chefatura de Polícia, nº 2290
Telefone: 3137 9065
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