A cabeleireira Marleide Rodrigues mora em uma rua onde o lixo é queimado, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. “Na minha porta, o caminhão do lixo não passa. Passa bem longe da minha porta”, diz ela.
O fogo que destruiu a iluminação pública ameaça a tubulação de gás perto do local. Para piorar a situação, o rio contaminado de óleo pegou fogo recentemente, bem perto da casa de Marleide. Mas, para ela, o maior problema é a fumaça.
“O lixo acaba e a fumaça fica indo para dentro da minha casa, e meus filhos têm problema respiratório. Eu sou obrigada a jogar água na rua todos os dias e apagar o fogo”, acrescenta.
“As pessoas que inalam essa fumaça, mesmos saudáveis, podem ter uma repercussão imediata, como dor de cabeça, às vezes conjuntivite, irritação nos olhos, náuseas”, alerta Hermano Albuquerque de Castro, pneumologista da Fiocruz.
Segundo o IBGE, o lixo ainda é queimado ou enterrado em mais de 10% dos domicílios no Brasil. A maioria das casas já tem coleta: 80%. Mas a coleta seletiva só acontece em 11% dos lares.
O Paraná aparece como o estado onde há mais domicílios que separam o lixo. Amapá e Maranhão estão na lanterna. A pesquisa do IBGE identificou a maior queixa dos moradores no entorno dos domicílios. Para 35% dos entrevistados, morar perto de uma rodovia movimentada é um mau negócio. O problema foi mais citado do que a falta de pavimentação nas ruas e a proximidade de rios e lagoas poluídas.
A dona de casa Viviane Soares Melo mora na beira de uma das rodovias mais movimentadas do país, a Dutra, que liga o Rio a São Paulo, e não se acostuma com o barulho constante dentro de casa. “Incomoda pra caramba para ver televisão, a gente tem que botar em um volume muito alto. Para dormir também incomoda. Dia e noite”, reclama.
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