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Nacional
Terça - 18 de Setembro de 2012 às 14:06

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Durante o velório de Jaciene Ianca Faria dos Santos, de 16 anos, na manhã desta terça-feira (18), na Funerária Paz Universal, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, familiares e amigos demonstraram revolta com a morte violenta da garota. A maioria dos presentes no velório disse suspeitar do envolvimento da madrasta. Para uma amiga de Jaciene, de 17 anos, a motivação do crime pode não ter sido apenas por ciúmes entre pai e filha. “Não foi só por ciúmes, foi mais do que isso. Acho que foi por vingança”, disse, sem querer ser identificada. O sepultamento da jovem será às 16h desta terça-feira (18), no cemitério Bom Pastor. O corpo sairá da funerária, em cortejo, por volta das 14h45.

Familiares no velório de Jaciene Ianca  (Foto: Caroline Aleixo/G1)
Familiares no velório de Jaciene Ianca (Foto:
Caroline Aleixo/G1)

Ainda segundo a amiga de Jaciene, havia um amigo da madrasta que frequentava a casa de ambas e que este rapaz poderia ter alguma relação com a madrasta e, também, estar interessado em Jaciene. “Acho que deve ter acontecido alguma coisa nesse tempo que o pai dela esteve preso. Ela era uma menina muito legal e educada, além de ser bonita e ter o sonho de ser modelo. Não deve ser só a madrasta não, tem outra pessoa envolvida nisso”, desconfia.

Triste e revoltada, a amiga permaneceu ao lado do caixão de Jaciene durante toda a madrugada e manhã desta terça. Ela contou ao G1 que eram muito companheiras, mas que a amiga não falava coisas ruins de São Vicente, no litoral de São Paulo. O contato que tinham era por meio de um site de relacionamentos. “Pelo menos uma vez ao dia ela mandava alguma mensagem para a gente, as amigas de Uberlândia. Ela nunca se esqueceu de nós e falava que estava tudo bem lá. Mas teve uma vez que ela postou que foi à praia com o pai e a madrasta não quis ir, ficando muito irritada”, contou.

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Antes de morar com o pai, a adolescente morava com os avós em Uberlândia. Tendo uma vida muito sofrida, segundo alguns familiares e amigos que estavam no velório. Ainda conforme os parentes, ela partiu em busca de melhorar a condição financeira e garantir uma vida mais digna para a avó. A tia materna, Elizabeth da Silva, informou que a última ligação feita pela garota foi no dia 18 de agosto, à noite. Desde então, não tiveram mais notícias.

Ainda de acordo com a tia, a sobrinha pode ter sido iludida por ter a garantia de uma vida melhor na cidade paulista e a madrasta pode tê-la matado por ciúmes da boa relação que ela tinha com o pai. “Eles eram muito carinhosos um com outro, na Internet, por exemplo, ela postava muitas fotos com ele e demonstrava estar feliz”, afirmou.

Um dos últimos recados deixados por ela em uma rede social (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)Um dos últimos recados deixados por ela em uma
rede social (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Jaciene usava as redes sociais para manter contato com algumas amigas. Na página dela é possível constatar mensagens de felicidade e esperança, algumas, inclusive, mencionando o pai: “Alegria em momentos dura pouco, felicidade dura sempre sem ou com meu papi e nem precisa de luxúria, pois luxúria só traz pobreza”, disse em uma das postagens no mês de maio.

Uma das últimas mensagens postadas na rede, a menor colocou um pensamento de superação, desejando dias melhores: “Não desperdice hoje lamentando o ontem, pois perderá a chance de viver um futuro melhor”.

Lavrador em Anápolis, interior de Goiás, Josemar Pereira de Miranda era primo da garota. Ele contou que a prima só começou a ir com frequência para São Paulo depois que ela já tinha se tornado adolescente. “Nós a orientamos a ficar com a avó, porque viver com madrasta é diferente e ela perderia a liberdade que tinha em Minas”, falou. 

Para ele a perda é inexplicável, principalmente quando ele lembra de todos os momentos vividos ao lado da prima e amiga. “Ela vivia passando férias lá em casa, só que depois que foi para São Paulo, perdemos o contato. É triste, muito triste, ainda mais quando se trata de um assassinato”, desabafou emocionado.

Jaciene foi esfaqueada em casa, em São Vicente (SP) (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)Jaciene foi esfaqueada em casa, em São Vicente
(SP) (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

O caso
O crime aconteceu na manhã de sábado na casa da vítima. Segundo a madrasta, assaltantes invadiram a casa e mataram a jovem. Porém, a polícia não acredita nessa versão. “Não há indícios de que seja um roubo porque a maneira que ela foi brutalizada indica vingança, um estado emocional muito alterado. Ela levou várias facadas, fio de ferro amarrado no pescoço. A situação em que o corpo foi encontrado denota que houve um estado emocional muito alterado de quem cometeu o crime”, disse o delegado Juvenal Marques Ferreira Filho.
De acordo com a polícia, a madrasta é a principal suspeita e está presa na cadeia feminina, anexa ao 2º DP de São Vicente. A perícia apreendeu a faca usada no crime, que já havia sido lavada e roupas sujas de sangue guardadas no armário da casa.

O G1 também entrou em contato com o advogado da madrasta, Cleiber Abdalla, que informou que aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML), que deve sair em 30 dias. Até que o resultado não saia, o advogado não pedirá revogação e nem relaxamento de prisão. Enquanto isso, a suspeita permanece presa.






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