Em busca de uma resposta para o que ocorreu, o pai e a mãe acham que o mais provável é que Lore tenha sido morta por alguém com quem conviveu. “Lore não tinha inimigos. Sei que o ex-marido dela e atual namorado não a mataram", disse Vandete Vaz nesta terça-feira (18) ao G1.
"Na minha cabeça, quem matou minha filha foi algum conhecido, que não gostou do que ela disse. Como Lore era promotora de eventos, trabalhava em muitos lugares e conhecia muita gente. Sempre foi muito assediada por causa da sua beleza, mas todas as vezes cortava as cantadas, principalmente agora, que namorava há cerca de um ano. Eu acho que alguém que levou um fora dela não se conformou com isso e a matou”, afirmou Vandete. Ela e o marido moram em Santo André, no ABC.
“Quem matou minha filha devia estar com muita raiva dela. Ela era uma pessoa que tinha personalidade forte, pode ter dito algo que alguém não gostou. Quem a matou a conhecia bem, sabia dos seus horários. Tanto é que soubemos pela polícia que ficou esperando ela sair da faculdade, ficou lá perto, 30 minutos antes dela sair”, disse João Vaz.
O corpo de Lore estava no banco de trás do automóvel Fiat Uno cinza, emprestado pelo namorado, o corretor de imóveis Vinícius Cândido Teixeira. O veículo pertence ao pai dele. O crime foi violento: ela teve o pescoço e uma orelha cortados - possivelmente com faca - e o maxilar e os dentes estavam quebrados. A família sentiu falta de um telefone celular, que custava R$ 500, e de um aparelho de CD arrancado do painel do carro.
“Além de tirarem minha filha de mim, tiraram também o sorriso dela. Por isso acho que não foi um roubo. Quem vai roubar não machuca tanto alguém. Para mim, machucaram a boca dela porque ela pode ter dito algo para alguém”, comentou a costureira.
Investigações
Crime passional, questão financeira por causa de dívidas, reação a sequestro relâmpago e roubo seguido de morte. Até agora nenhuma dessas hipóteses apuradas pelo Setor de Homicídios da Delegacia Seccional de Santo André se confirmou.
Imagens de câmeras de segurança divulgadas pela polícia mostram dois homens saindo do carro que Lore usava na noite do dia 12, quando ela deixou a União das Instituições Educacionais do Estado de São Paulo (Uniesp), em São Caetano, também no ABC, onde cursava administração. Nas cenas, a dupla foge em outro carro.
Mãe de Lore exibe foto de quando a filha se
casou (Foto: Kleber Tomaz / G1)
Nesta terça-feira (18), a Polícia Militar encontrou um veículo que pode ter sido usado pelos assassinos de Lore na fuga. Um suspeito foi detido. Ele prestou depoimento e foi liberado por falta de provas. O carro apreendido ainda passará por perícia. Os familiares de Lore passaram o dia na delegacia contribuindo com as investigações.
“Não entendo por que pelo menos três pessoas participaram do assassinato da minha filha. Por quê três? Não compreendo. Só se um deles, que conhecia minha filha, estava com raiva dela e chamou os demais para ajudá-lo a matá-la”, disse o mecânico.
Os peritos colheram amostras de pele que estavam embaixo das unhas de Lore para exame de DNA. “Os policiais me contaram que Lore resistiu o quanto pode, que lutou muito contra os criminosos. Quando um suspeito for preso, vão comparar esse material genético com o que foi achado nas unhas de minha filha”, disse João.
Mãe de um menino de 10 anos, Lore morava com o garoto nos fundos da casa dos pais, em Santo André. Divorciada e aparentemente feliz com o namoro, ela trabalhava como promotora de eventos e, recentemente, ajudava na campanha política de uma candidata a vereadora em São Caetano do Sul. Apesar de ter figurado em programas de auditório na TV, seu sonho mesmo era o de poder abrir um pet shop, segundo seus familiares.
“Quero continuar viva para ver preso quem matou minha filha. Quero que quem fez isso com ela mofe na cadeia por 100 anos”, disse Vandete. “Pena que não existe pena de morte no Brasil, senão gostaria de vê-los mortos pelo que fizeram com nossa família”, afirmou João.
Lore Vaz foi morta aos 26 anos
(Foto: Kleber Tomaz / G1)
Hipóteses
O carro que Lore usava foi abandonado pelos criminosos na Rua Andradina, Vila Príncipe de Gales, às 22h14 do dia 12. Apesar de os criminosos terem levado os pertences de Lore, o delegado Paulo Dionísio, que investiga o caso, chegou a dizer aos jornalistas na semana passada que a hipótese dela ter sido vítima de roubo seguido de morte não está descartada, mas que é pouco provável. Também não está confirmada possibilidade de ela ter sido vítima de abuso sexual.
Antes de morrer, Lore havia escrito no dia 29 de agosto "Coração muito apertado e triste..." no Facebook. As outras mensagens postadas por ela em sua página pessoal na internet, bem como um notebook, uma agenda e um pen drive que estavam no carro abandonado deverão ser periciados pela Polícia Técnico-Científica.
Em entrevista à TV Globo, o namorado de Lore, Vinícius Teixeira, contou que Lore não tinha inimigos e nem relatou ter recebido ameaças. Mesmo assim, ele também acredita na tese da polícia de que a mulher não foi morta num assalto.
“Dez e meia [22h30 de quarta] eu estranhei que ela não tinha ligado ainda, que ela costumava ligar para abrir o portão para ela e aí eu peguei e liguei para ela para tentar entrar em contato. A princípio, chamou e ninguém atendeu, e a partir da segunda ligação só dava caixa postal o número. Começou a bater o desespero”, disse Teixeira.
Além do namorado, mais três pessoas ligadas à promotora foram ouvidos: a mãe da vítima, uma cunhada e o ex-marido. Eles contaram que Lore tinha "uma personalidade forte".
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