— As crianças que veem as ilustrações todas querem assistir ao filme, porque tem um urso falante. Qual adulto quer ver um filme sobre um urso falante? O urso de pelúcia é um ícone de qualquer criança, menino ou menina. Mas (no filme) aquele ícone querido não estuda, não trabalha, consome drogas, só pensa besteira o tempo todo — critica — Aí entra na polêmica que estou querendo proibir. Sou a favor da liberdade de expressão, mas desde que sejam obedecidos determinados critérios da capacidade de entendimento do indivíduo. Como um pré-adolescente consegue entender que aquilo vai ser um risco?
No Twitter, desde ontem o nome do deputado e do filme se alternam entre os temas mais comentados no Brasil e Protógenes tenta lançar a campanha “#foraFilmeTED“. Ele critica a produção por apresentar de forma positiva personagens indolentes, que consomem drogas o tempo todo e não trabalham, nem estudam. Para ele, a “sociedade americana está acostumada com aquilo, mas a nossa sociedade não”.
— Nós ainda somos uma população um pouco superior a esses princípios. Somos tão superiores que temos Fenrando Meirelles produzindo para eles. Somos tão superioes que levaram também o José Padilha, que está lá fazendo a reedição do "Robocop". “Cidade de Deus” mostra uma dura realidade do flagelo social das favelas brasileiras e da população pobre. Mas não diz que viver em favela é bom, que quem consumir droga vai viver bem, se roubar ou matar não acontece nada.
O deputado admite que o consumo exagerado de drogas e o comportamento antissocial do ursinho Ted acabam por causar o rompimento do namoro do personagem principal, ou seja, existem consequências negativas. Mas ele reitera que "no final todos ficam felizes para sempre, ninguém vai preso, ninguém é hospitalizado".
— Em outros filmes há também esse consumo de drogas, mas em alguma parte existe a contextualização de forma crítica e educativa: se consumir droga você fica doente, vai morrer, vai preso, perde capacidade de entendimento — avalia — Até bater com o carro eles batem e não são reprimidos (pela polícia).
Protógenes afirma que está preparando um pronunciamento na Câmara para a próxima quarta-feira e estuda a forma de pedir que a classificação indicativa mude para 18 anos.
— Quero alertar a população brasileira que nós não aceitamos esse tipo de enlatado americano. Todos no cinema estão consumindo pipoca e guaraná, enquanto na tela os personagens consomem droga. Essa mensagem é danosa para a sociedade. Produzir esse tipo de filme para ter uma veiculação abaixo da maioridade põe em risco todos os princípios de educação e cultura do país. No Brasil estamos longe de admitir isso.
Lançado em julho nos EUA (e semana passada no Brasil), “Ted” já arrecadou mais de US$ 217 milhões em todo o mundo — aqui o filme estreou em 2º lugar na bilheteria e arrecadou R$ 2,4 milhões. O longa-metragem foi escrito e dirigido por Seth MacFarlane, criador do ácido desenho animado “Family Guy”. No elenco, estão Mark Wahlberg e Mila Kunis.
Quando ultrapassou a marca dos US$ 100 milhões de bilheteria, ainda em julho, o ursinho Ted fez uma de suas piadas politicamente incorretas no Twitter: “Meu filme acaba de fazer 100 milhões. Talvez agora eu possa pagar um restaurante onde na mesa ao lado não haja uma família gritando em português”.
Cena do filme ‘Ted’, de Seth MacFarlane Divulgação
Comentários