Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Nacional
Quarta - 26 de Setembro de 2012 às 15:11

    Imprimir


Dois dos três homens que estão presos temporariamente por confessar o envolvimento no assassinato da universitária e promotora de eventos Lore de Santana Vaz, de 26 anos, disseram em seus interrogatórios à Polícia Civil que usaram duas facas no crime: uma de churrasco, de 30 centímetros, e uma outra, de 15 centímetros. Nos depoimentos, eles se acusaram mutuamente sobre quem teria sido responsável pelo golpe que matou a jovem.

De acordo com os presos, o funileiro Raimundo Nonato Bezerra, 32, e o auxiliar de limpeza Robert Pirovani Gama, 21, a faca de churrasco usada no crime foi cedida pelo ex-marido da vítima e suspeito de ser o mandante do crime: o desempregado Allan dos Santos Peçanha, de 27. Até esta tarde, as duas facas usadas no crime não foram localizadas.

Trecho do interrogatório do auxiliar Robert Gama (Foto: Reprodução)
Trecho do interrogatório do auxiliar Robert
Gama (Foto: Reprodução)


O G1 não conseguiu localizar nesta quarta-feira (26) os advogados dos detidos para comentar os depoimentos.

O crime
A estudante foi encontrada degolada em Santo André, no ABC, dentro do carro usado por ela. O pescoço e orelha da vítima estavam cortados e os dentes quebrados.

De acordo com o Setor de Investigações sobre Crimes de Homicídios da Delegacia Seccional da cidade, Allan Peçanha pagou mais de R$ 2 mil para que sua ex-mulher fosse levada na saída da faculdade em São Caetano do Sul e morta na sequência.

O motivo, segundo a investigação, foi financeiro: Lore estava cobrando do ex-marido uma dívida de R$ 3 mil. Após o crime, o trio fugiu em um veículo conduzido pelo ex-marido da vítima. Imagens gravadas por câmeras de segurança mostraram a ação criminosa.

"Bem afiada"
O G1 teve acesso aos interrogatórios dos três presos. Na última sexta-feira (21), a equipe do delegado Paulo Rogério Dionizio ouviu a versão do funileiro Raimundo. “Meu parceiro Robert ficara com ela no banco traseiro deste carro. Robert estava com uma faca grande, fornecida pelo ‘Boy’ (Allan) e eu estava com outra, um pouco menor”, disse aos policiais. 

“Informo que as facas utilizadas, uma foi fornecida pelo próprio Allan, e a outra levada por Raimundo. A faca fornecida por Allan era daquelas utilizadas em churrasco, com lâmina de aproximadamente 30 centímetros, tendo ela permanecido em meu poder. A faca usada por Raimundo era de tamanho menor, com aproximadamente 15 centímetros de lâmina, porém, bem afiada”, relatou o auxiliar Robert em seu interrogatório na última quinta-feira (20).

Apesar de confirmarem em seus interrogatórios que fizeram uso de duas facas para sequestrar Lore, Raimundo e Robert negam que tivessem a intenção de matá-la. Informaram ainda que o combinado com Allan era somente dar um ‘susto’ na ex-mulher dele.

Caso Lore Vaz (Foto: Reprodução)
Funileiro Raimundo Bezerra (Foto: Reprodução)

“Eu questionei Robert e Boy, haja vista que o combinado não era matar a vítima e sim assustá-la. Robert dizia: ‘...já era, o que ta feito, ta feito’. Já o Boy dizia o mesmo, parecia satisfeito com o resultado. Para mim, Robert e Allan (Boy) combinaram anteriormente matá-la (...)”, informou Raimundo.

Robert informou que a outra parte do que haviam combinado era “pegar o veículo [um Fiat Uno que Lore usava]”.

Em outros trechos de seus interrogatórios, o funileiro e o auxiliar entram em contradição sobre quem degolou Lore. Um acaba acusando o outro pelo assassinato.

“Acredito que a vítima [Lore] tentara reagir, aí Robert desferira alguns golpes na vítima, na região do pescoço e acredito que na cara também. Eu dizia para Robert parar com as agressões. Eu apenas dirigia e não tinha muita visão do que ocorria no banco de trás (...) Fora usada somente a faca maior. Sofrera vários golpes, ela gritava e dizia que estávamos machucando”, contou Raimundo.

Caso Lore Vaz (Foto: Reprodução)
Auxiliar Robert Gama (Foto: Reprodução)

"Arranhou o meu rosto"
A versão do funileiro Raimundo sobre quem esfaqueou a universitária é rebatida pela de Robert. “Aí comecei falar para ela [Lore] ficar calma, de repente ela começou a se debater e tentou tirar a faca da minha mão. Ela segurou a faca da minha mão, e tentava puxar de mim. Ai ela arranhou o meu rosto e passou a faca no meu rosto. Aí falei pro [sic] Raimundo que ela estava pegando a faca e tinha me cortado. Foi ai que o Raimundo pegou a faca do colo dele, e mesmo dirigindo o veículo, se virou, e passou a faca no pescoço dela", afirmou em depoimento.

"Ai joguei ela de lado, ai falei para ele que ela tava morrendo. Ai, ela ainda tentou abrir a porta do carro e eu puxei ela. Joguei ela no banco e ela ficou caída com o pescoço para trás. O Raimundo deixou a faca cair, e foi ai que eu sujei as mãos de sangue, porque fiquei procurando a faca. Depois pulei para o banco da frente, ai falava para o Raimundo que ele era louco de ter matado a menina”, disse o auxiliar, que já ficou preso por um ano e nove meses por roubar um posto de gasolina em São Bernardo do Campo.

Após perceberem que Lore foi fatalmente ferida, Raimundo e Robert abandonaram o Fiat prata, com Lore dentro, numa rua em Santo André. Em seguida, eles contaram que Allan os esperava em um Chevrolet Kadett vinho e os ajudou a fugir do local do crime.

Caso Lore Vaz (Foto: Reprodução)
Desempregado Allan Peçanha, ex-marido de Lore
Vaz (Foto: Reprodução)

"Coação"
Depois de ter confirmado em seu interrogatório que havia contratado o funileiro e o auxiliar para darem um “susto” em Lore, Allan voltou atrás e mudou a versão. Segundo seus advogados disseram na terça-feira (25) ao G1, o ex-marido da vítima tinha confessado sua participação no crime porque foi coagido psicologicamente e intimidado e pressionado pelos policiais civis.

“Ele confessou um crime que não cometeu sem a presença de seus defensores constituídos”, tinha afirmado o advogado Luis Eduardo Crosselli, que juntamente com a advogada Cristiane Tavares dos Santos defendem Allan. A defesa informou que irá pedir a Justiça para que seu cliente responda ao homicídio em liberdade.

Procurados, o Setor de Homicídios e o Ministério Público negaram que o suspeito tenha sofrido qualquer coação nas quase duas horas em que foi ouvido na presença deles.

Por conta das contradições nos três interrogatórios, a polícia não está descartada uma acareação entre os detidos e até mesmo uma reconstituição. Os laudos da Polícia Técnico-Científica também são aguardados para tentar saber quem degolou Lore. Um deles é de DNA: irá comparar o material genético de Raimundo e Robert com a pele encontrada sob as unhas de Lore.





Fonte: Do G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/30268/visualizar/