CRO conseguiu identificar 15 falsos profissionas atuando em MT
Prática ilegal pode gerar casos de hepatite C e Aids
O presidente do CRO (Conselho Regional de Odontologia), Dalter Favarette, alertou para o fato de que a prática irregular do exercício da odontologia pode ter consequências desastrosas para as pessoas menos avisadas.
Segundo ele, um tratamento feito por um falso dentista, por exemplo, pode causar, até mesmo, ocasionar doenças graves como hepatite C, Aids e outros males transmissíveis.
A a maioria dos falsos profissionais não segue as práticas de higiene e esterilização, podendo contaminar os clientes.
“A maioria dos consultórios que funcionam de forma ilegal não possui as mínimas condições de higiene. O ambiente é insalubre. Constamos que muitas clinicas irregulares não possuem sequer o aparelho de autoclave, essencial para esterilizar artigos”, explicou o odontologista.
Somente em 2012, o CRO conseguiu identificar 15 falsos dentistas atuando em Mato Grosso.
A maioria deles trabalha em cidades do interior, mas duas clinicas populares de Cuiabá foram autuadas por conter em seu quadro profissionais que não estavam habilitados.
" Não possuem as mínimas condições de higiene. O ambiente é insalubre"
De acordo com o CRO, nos últimos 15 dias, foram flagrados falsos dentistas nas cidades de Alta Floresta, Arenápolis, Barra do Garças, dois em Guiratinga e uma em Alto Garças.
“Geralmente, eles atuam em cidades pequenas, onde é mais difícil a fiscalização. Mas, também, temos casos em Cuiabá. Toda pessoa que for passar por uma consulta no dentista deve entrar em contato com o CRO e consultar se o profissional possui o registro. Caso perceba que o profissional é um charlatão, o próximo passo é fazer a denúncia ao Conselho. Somente desta forma a ilegalidade pode diminuir”, disse Favarette.
No caso da falsa dentista detida em Alto Garças (357 km ao sul de Cuiabá) pela Polícia Civil, após investigação e denúncia CRO, ela atendia um paciente no momento da prisão.
O consultório, bem montado, funcionava no centro da cidade. Na sala de espera, cinco pacientes aguardavam.
Segundo o CRO, ela já havia sido notificada a deixar de exercer a profissão, pois não contava com formação para realizar os procedimentos.
Flagrantes
Em Guiratinga, representantes do CRO flagraam o técnico em próteses Alaor Alves de Carvalho, 56, e Adão Tiago Alves, 63, trabalhando em consultórios improvisados nas casas dos acusados.
Há mais de 30 anos, eles atuam como dentistas no município. Uma equipe da TV Centro América (Globo/4) filmou Alaor atentendo uma pessoa como se fosse dentista.
Em Alto Garças, os ficais e a polícia flagraram uma mulher atendente pacientes. Mesmo diante da fiscalização, a falsa dentista não se intimidou e continuou o tratamento.
Segundo os fiscais do CRO, essa é a segunda vez, em menos de um ano, que a falsa dentista é denunciada.
Os acusados foram encaminhados para as delegacias das cidades. Os casos serão investigados pela Polícia Civil.
O crime para quem exerce profissão ilegal pode chegar de 1 a 2 anos de reclusão.
Disque-odonto
Outra prática comum aos “charlataes”, segundo o CRO, é o atendimento odontológico a domicílio. Neste caso, as pessoas ligam para o suposto profissional, que leva os equipamentos em uma moto ou carro e atende nas residências.
“Com esse tipo de atendimento, fica mais evidente a contaminação. Essa pessoa vai atender vários clientes, e esse material não será esterilizado. Pode conter todo tipo de vírus nos aparelhos”, explicou o presidente do CRO.
Sem punição
Favarette acredita que a falta de punição efetiva, para os falsos dentistas, é um fator que incentiva a prática irregular. Os profissionais que são flagrados neste tipo de atividade, sem ser habilitado, respondem por falsidade ideológica.
"Na maioria dos casos essas pessoas voltam a atender, na mesma semana, no dia seguinte"
Caso sejam condenados, podem ser sentenciados a cumprir pena de seis meses a dois anos de detenção, mas que também pode ser revertida em penas alternativas.
Mesmos as pessoas que não pegas em flagrantes não ficam presas, apenas assinam um Termo Circunstanciado e podem aguardar julgamento em liberdade.
“Na maioria dos casos, essas pessoas voltam a atender, na mesma semana, no dia seguinte. O CRO tem fiscalizado, mas sem uma mudança efetiva na legislação as pessoas vão continuar correndo o risco de serem contaminadas. Não depende apenas do Conselho, é preciso mudar as leias e também a consciência da população. Geralmente, os preços são iguais aos de um profissional formado e com competência para atuar”, completou Favarette.
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