Delza Souza Sobrinho, de 71 anos, não consegue fazer sessão de quimioterapia por causa do impasse provocado pela crise no plano de saúde
Nem paciente com câncer é atendido
Receber um diagnóstico de câncer geralmente provoca abalos emocionais ao paciente e cria uma expectativa em cima do tratamento. Drama que se torna maior ainda quando não se consegue a devida assistência mesmo pagando um plano de saúde e, que para isso acontecer, ser necessário recorrer à Justiça.
É o que vem ocorrendo com os conveniados ao MT-Saúde. Aos 71 anos, Delza Souza Sobrinho descobriu que está com câncer e precisa fazer quimioterapia. “A primeira sessão foi programada para ser feita em 48 horas, mas foi em 24 horas porque o estabelecimento deixou de atender o plano. Por causa disso, ela teve taquicardia e passou muito mal”, contou José Carlos Souza Senna, filho da paciente.
José Carlos relata ainda que a mãe precisou ser internada numa unidade de tratamento intensivo, mas a encaminharam para o Hospital Geral Universitário sem o prontuário, o que é necessário já que contém as explicações sobre os procedimentos aos quais ela tinha passado.
A família também foi até a sede do MT-Saúde para pedir uma justificativa por escrito sobre os motivos de Delza não ter sido atendida, mas o documento não foi fornecido. Agora, internada no Hospital Santa Rosa, a paciente aguarda há mais de uma semana pela liberação da segunda sessão de quimioterapia. “Era para ela ter feito a segunda sessão na semana retrasada, mas não foi liberado”, informou o filho.
Além de registrar boletim de ocorrência e acionar a Justiça para garantir o tratamento à dona Delza, os familiares tentavam ainda ontem transferi-la para o Hospital do Câncer, onde o atendimento passaria para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Ela está internada, mas apenas recebendo soro. O que nos preocupa é a saúde dela e a quimioterapia é muito importante”, comentou.
Na sede do MT-Saúde, usuários do plano entram e saem todo momento. “Eu preciso marcar uma consulta com urologista e não consigo. A gente não pode ficar esperando. É uma vergonha uma situação como esta”, criticou José Francisco de Pinto, 60 anos.
Por falta de pagamento, o MT-Saúde, administrado pela empresa São Francisco, suspendeu os atendimentos aos servidores públicos conveniados. No Estado, o número de credenciados chega a 50 mil se somados titulares e dependentes.
O Governo do Estado encaminhou para a Assembleia Legislativa um projeto de lei complementar que prevê a regulamentação do Programa de Assistência do Servidor Público. A apreciação do projeto estava prevista para ter acontecido na semana passada, mas foi adiada por falta de quórum. A expectativa é que aconteça no dia 9 de outubro, quando os parlamentares retomam as atividades.
Após, a apreciação da proposta será lançado o processo licitatório para contratar novo modelo de gestão para atender o MT Saúde. A reportagem do Diário tentou falar sobre o assunto com a assessoria de imprensa do MT-Saúde, mas não conseguiu.
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