"Há indícios de que o dinheiro seria usado para a compra de votos e boca de urna, na eleição de domingo, mas não há como provar, porque isso só seria possível no dia da eleição. O que se pode fazer, talvez, é indiciar as pessoas por formação de quadrilha", explicou Carvalho, para quem a PF deveria ter sido avisada com antecedência para que ela atuasse da forma como costuma fazer.
O delegado se refere à atuação do serviço de inteligência, que em casos como o ocorrido no aeroporto de Carajás, costuma trabalhar para armazenar provas até a prisão em flagrante dos suspeitos no momento da prática de crimes. "Se o juiz tivesse nos avisado, nós ficaríamos monitorando as pessoas até a hora da prática da corrupção eleitoral", disse Carvalho.
Ouvido pela reportagem, o juiz foi taxativo: "não vou polemizar com ninguém e também não faço qualquer reparo ao trabalho da Polícia Federal ou às conduta que o delegado irá tomar na apuração do caso". Segundo Moura, ele fez o que determina o provimento 001/2012, da corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que dá ao juiz o poder de polícia e de fiscalização sobre denúncias que chegam a seu conhecimento.
Dinheiro no avião
Ele observa que não existe delegacia da PF em Parauapebas, por isso precisava agir de acordo com a competência que lhe é conferida pela legislação, avisando a PF de Marabá, distante 150 km, para onde o avião com as três pessoas detidas fossem levadas.
Moura disse que tem o maior respeito pelo trabalho da PF, mas que é preciso entender que tem recebido quase mil denúncias de supostos crimes eleitorais em Canaã dos Carajás e Parauapebas. No caso do dinheiro no avião, declarou que tão logo recebeu a denúncia anônima, procurou agir com rapidez para "inibir" um crime. E concluiu que a PF e o Ministério Público Eleitoral decidirão qual o enquadramento legal a ser dado ao caso.
No depoimento prestado por um dos presos na operação, Adinaldo Correa Braga, que estava no avião em companhia da esposa, Rosângela Noronha Machado Braga e do piloto de avião Lucas Silva Chaparra, ficou claro, segundo o delegado, que o dinheiro seria a Alex Ohana, ex-secretário municipal de Saúde de Parauapebas e atual coordenador da campanha de José das Dores Couto, o Coutinho, do Partido dos Trabalhadores (PT).
O juiz teria relatado ao delegado que enquanto estava aguardando a aeronave descer no aeroporto, pôde ver Ohana no local. Mas o ex-secretário ao vê-lo acompanhado da Polícia Civil e da Polícia Militar, saiu do aeroporto como se estivesse tentando "fugir de alguma responsabilidade".
Em nota o diretório municipal do PT de Parauapebas repudia o envolvimento da legenda no caso, afirmando que a apreensão do dinheiro não tem nenhuma relação com o partido, sua candidatura ou mesmo com a coligação Todos por Parauapebas. Para o PT, tudo não passa de desespero de adversários.
O diretório diz que tudo não passa de armação de setores atrasados ligados ao governo do Estado, que buscariam ainda "algum alento ao barco furado do candidato dos tucanos em Parauapebas. Por fim, atribui a denúncia envolvendo o PT ao candidato Valmir da Integral (PSD), "apoiado pelo PSDB do governador do Pará, Simão Jatene". A assessoria do candidato disse que a acusação é "risível" e que prefere não comentar.
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