Os raios são emitidos por bobinas de Tesla com potencial elétrico de 1 milhão de volts, mas com baixa corrente. Blaine veste somente um traje feito com quase dez quilos de malha metálica.
"Há anos eu queria fazer isso", disse durante a semana o mágico, que já passou 44 dias sem comer dentro de uma caixa pendurada sobre o rio Tâmisa, em Londres, e que se pôs em pé por 35 horas sobre um pilar com mais de 30 metros de altura, sem estar amarrado a nada, em Nova York.
Ele disse que concebeu o novo truque ao se imaginar dentro de um enorme globo de plasma. Como isso exigiria que ele existisse no vácuo --proeza inatingível até para Blaine--, ele adaptou a ideia para o uso das bobinas de Tesla. "Estar no meio de uma tempestade elétrica é incrível, estar num ambiente no qual você não deveria estar", disse.
O traje de malha metálica é uma adaptação do princípio da gaiola de Faraday, em que o material com alta capacidade de condução elétrica blinda o que estiver no interior de levar um choque. É uma versão dos trajes protetores que os eletricistas usam para mexer em cabos de alta tensão.
Cuidados médicos
Stuart Weiss, médico de Blaine, disse que os principais riscos do truque incluem a exposição ao ozônio e a óxidos nitrosos produzidos pelo ar ionizado, que humanos não devem inalar em grandes quantidades. Um sistema de ventilação garantirá o ar respirável a Blaine, e um visor especial no seu capacete protegerá seus olhos da radiação ultravioleta resultante dos raios. Como as bobinas de Tesla são barulhentas, ele usará também fones de ouvido, permitindo a comunicação com auxiliares e espectadores. O mágico vai receber água por um tubo, vai urinar por um cateter, e está em jejum para evitar defecar.
Blaine disse que espera com isso inspirar as crianças a aprenderem física -- por exemplo, sabendo que não é a voltagem elevada que mata, e sim a amperagem. No caso das bobinas de Tesla, a corrente elétrica resultante, medida em amperes, é baixa, ao passo que o potencial elétrico pode chegar a 1 milhão de volts.
William Allen Zajc, chefe do departamento de Física da Universidade Columbia, elogiou o mágico por tornar a ciência tão interessante. Ele disse que a atividade é segura -- a não ser que o traje se deteriore devido à exposição prolongada.
"Para mim, o incrível é que ele planeje passar 72 horas lá de pé, não que haja 1 milhão de volts o cercando, ou esses impressionantes relâmpagos atravessando a gaiola de Faraday que o cerca", disse Zajc.
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