Estigma do PT e migração em massa de indecisos beneficiam Mauro Mendes
O "medo" que uma parcela significativa da população cuiabana e os conservadores têm do PT, e nutrem este sentimento de rejeição, foi preponderante no sentido de garantir a vitória de "virada" do candidato do PSB a prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, neste primeiro turno com 43,96% dos votos. O candidato petista, Lúdio Cabral, numa eleição de polarização extrema, ficou na segunda colocação obtendo 42,27%. É o que muitos avaliam como o "estigma do PT em Cuiabá", onde o partido nunca conseguiu vencer, apesar de ter uma importância ímpar com suas participações na capital.
Em termos religiosos para os católicos, estigma é um dos sinais que aparecem no corpo de Jesus e que apareceram e ainda aparecem nos corpos de santos e pessoass, eventualmente, nos mesmos pontos onde ocorreu a crucificação, ou seja, pés, punhos, cabeça e tórax. Na botânica, estigma é a área receptiva do pistilo das flores, onde o grão de pólen inicia a germinação do tubo polínico. É a parte achatada do carpelo, situada na sua extremidade superior e possui um líquido pegajoso que contribui para a fixação do grão de pólen.
Na política, o cientista social Erving Goffman desigma, em linhas simplistas, que a palavra "estigma" representa algo de mal, que deve ser evitado, uma ameaça à sociedade, ou seja, uma identidade deteriorada por uma ação social. Para Goffman,"a sociedade estabelece os meios para caracterizar pessoas, instituições e os atributos, que podem ser percebidos como correntesnaturais para identificar os estigmatizados, porque a sociedae estabelece um modelo de categorias para tenta catalogar as pessoas. Para muitos líderes da cuiabania e da ala conservadora da sociedade.
Pois bem, usando Goffman como referência, podemos avaliar que o PT tem elevada rejeição em Cuiabá e isso prejudicou seu candidato, que vinha crescendo nas pesquisas de forma substancial, apesar das desconfianças dos líderes ligados a Mendes. A reviravolta de Mendes, que apareceu em primeiro de forma surpreendente, teve respaldo desses setores que consideram o PT como um estigma.
Outro fator foi a "arrogância" de uma parte significativa dos líderes ligados a Lúdio Cabral, os quais arrotavam uma vitória no primeiro turno como certa. Deram com os burros n"água, apesar do excelente desempenho de Lúdio. O famoso "salto alto" e o não menos afamado "já ganhou" prejudicou o líder petista, cujo perfil é muito diferente do pregado pelos seus líderes mais afoitos. Neste caso, a arrogância mudou de lado. Prova que humildade e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
Todavia, é bom lembrar que a trupe de Mauro Mendes também "arrotou" a vitória no primeiro turno até a penúltima semana, mas sabiamente mudaram o discurso e adotaram um tom mais cauteloso na última hebdômana, e decidiram arregaçar as mangas e pedir voto. Isso foi importante para Mendes, que conseguiu obter o apoio decisivo dos indecisos com um tom humilde e sereno.
Serenidade, aliás, será crucial para ambos os líderes, além de apresentar propostas mais concretas e viáveis para o eleitor, sobretudo dos que votaram no Procurador Mauro (PSOL), Guilherme Maluf (PSDB) e Carlos Brito (PSD). Alguns líderes ligados a Mendes, ao invés de comemorar de forma serena, tratavam de ironizar os resultados das últimas pesquisas, em tom provocativo, ao invés de pensar no futuro.
É certo que a manipulação de pesquisas foi e é um fato lamentável, mas o momento é de olhar para frente e tomar as atitudes judicias cabíveis contra aqueles que criminosamente forjaram dados. Vale lembrar aos "aloprados" mendistas que o jogo ainda não está decidido e muito água vai passar por baixo das pontes das vaidades, da arrogância e da soberba dos que insistem em apontar dedos e adotar discursos chulos, menores.
Já a trupe de Lúdio Cabral sentiu o baque e ficou psicologicamente abatida. No afã de que o jogo estava ganho, muitos eleitores, correligionários e líderes petistas e peemedebistas se acomodaram e passaram a menosprezar a inteligência do cuiabano natos e dos de coração. Um erro, certamente. Lúdio talvez seja o melhor candidato já apresentado pela agremiação petista em sua história, mas isso só não basta. Além da rejeição ao PT e do estigma, Cabral terá que buscar apoios aqui e em nível nacional, especialmente da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, apontados nas pesquisas como os maiores influenciadores do voto em Cuiabá.
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