Taques sugere que mensalão seja explorado contra Lúdio
O senador Pedro Taques (PDT) avaliou – em entrevista ao Olhar Direto – que o mensalão deveria ser abordado na campanha de Mauro Mendes (PSB), candidato a prefeito de Cuiabá que vai disputar o segundo turno da eleição contra o petista Lúdio Cabral. “Por que esconder que o PT vem sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF)? Eu acho que a sociedade brasileira tem de tomar conhecimento disso. Isso tem de ser trazido para debate”, disse Taques.
No entanto, evasivo, ele enfatizou que cabe somente a Mauro Mendes se posicionar sobre a linha a ser adotada na campanha para o segundo turno. “Quem vai definir, por exemplo, a linha do programa eleitoral e a estratégia de campanha é o candidato. Não eu. Se ele decidir explorar (mais) é uma questão dele. Eu entendo que a questão tem, sim, de ser discutida”. Na campanha para o primeiro turno, o “escândalo do mensalão” não foi tão explorado.
Conforme já definido pelo STF, “mensalão” foi um esquema de desvio de dinheiro público para a compra de apoio no Congresso Nacional nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010). Foi confirmada a participação de políticos de partidos aliados ao PT, entre eles o PL (atual PR) e o PP.
Por outro lado, Mendes tem justamente o Partido da República (PR) em sua coligação – o deputado federal Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR em nível nacional, já foi condenado no julgamento do mensalão por corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
"O meu partido, por exemplo, não foi envolvido no escândalo. O que o STF está julgando é a conduta da cúpula do PT. O esquema tem ligação umbilical com o PT", disse Taques, ao ser questionado ontem pelo Olhar Direto sobre a condenação de um dirigente de partido que apoia Mendes.
Em São Paulo (SP), onde também haverá segundo turno no dia 28 deste mês, o candidato José Serra (PSDB) já indicou que vai explorar o mensalão na campanha contra o adversário Fernando Haddad (PT). Curiosamente, o tucano também conta com o apoio do PR, o mesmo de Costa Neto.
Ontem, em reunião fechada com dirigentes do PT, prefeitos eleitos e candidatos que vão disputar o segundo turno, o ex-presidente Lula incitou os petistas a declarar "guerra" contra os adversários que usarem o mensalão como arma de campanha nas eleições municipais, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Lúdio Cabral participou da reunião. Também ontem, a maioria dos ministros do STF votou pela condenação de José Dirceu (ex-ministro da Casa Civil) e de José Genoíno (ex-presidente do partido) por corrupção ativa.
Credibilidade
Contrariando pesquisas de intenção de voto realizadas por vários institutos, Mauro Mendes obteve mais votos no primeiro turno do que o adversário petista -- resultado previsto por apenas uma das empresas. “Há pesquisas para todos os gostos. É uma indústria, o que retira a credibilidade do próprio meio de aferição que é a pesquisa. Não se pode ter quatro pesquisas com números diversos no mesmo municípios”, criticou Taques. Ele afirmou ainda que vai manter na campanha o mesmo ritmo do primeiro turno. “Não dá para ser mais ativo do que já estou sendo”.
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