Em entrevista realizada após a reunião do Comitê Monetário e Financeiro do (FMI) em Tóquio, no Japão, Lagarde considerou que as medidas de ajuste fiscal não são suficientes por si sós, devendo estar acompanhadas de "uma política monetária flexível e reformas estruturais."
Lagarde afirmou que a reunião "deu muita atenção" ao ajuste fiscal, que deve ser "adaptado" a cada país, "especificamente" às bases de cada economia.
Christine Lagarde fala a jornalistas após reunião do FMI em Tóquio neste sábado (13) (Foto: Stephen Jaffe/afp)
A economista francesa destacou que o Comitê do FMI, encarregado de delinear as políticas do organismo, expressou em sua reunião um compromisso "muito forte" com a implementação das políticas destinadas a melhorar o cenário.
Quanto à reforma do sistema de cotas do FMI para ampliar a capacidade de poder de voto e o acesso a financiamento dos países emergentes, Lagarde assegurou que "foram dados passos importantes".
O objetivo dos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, é passar a figurar entre as dez nações com mais influência no organismo.
Ao término do encontro do Comitê do FMI, integrado por 24 representantes dos 188 países-membros do organismo, Lagarde também destacou que atualmente, após o aumento dos recursos do organismo em US$ 461 bilhões em abril, a "rede de segurança mundial" do Fundo é "real, não uma ilusão".
Por sua parte, o presidente do Comitê, o cingapuriano Tharman Shanmugaratnam, assegurou que perante a desaceleração do crescimento global se faz necessária uma aplicação "efetiva e a tempo" das "medidas-chave" para devolver a confiança.
Neste sentido, assegurou que os "progressos significativos" na zona do euro não descartam a necessidade de medidas adicionais, enquanto considerou "essencial" que os Estados Unidos façam progressos para "assegurar a sustentabilidade fiscal".
Comunicado
Em comunicado divulgado depois da reunião, o FMI afirmou que os países ricos devem, com suas políticas fiscais, equilibrar a doutrina da austeridade favorecendo o crescimento econômico se desejam sair da atual crise.
"A política fiscal deveria ser calibrada adequadamente, de uma forma que favoreça o crescimento assim que possível", afirma o comitê, responsável por definir as grandes orientações políticas do FMI, que ao lado do Banco Mundial celebra esta semana em Tóquio a assembleia anual.
O FMI se posiciona desta forma após dias de disputa entre aqueles que, liderados pela Alemanha, defendem mais austeridade para sair da crise da dívida e os que consideram a necessidade flexibilizar esta doutrina para não asfixiar as economias europeias.
Em um alerta aos Estados Unidos, o comunicado afirma que a maior economia mundial deve resolver o problema do chamado "precipício fiscal", uma combinação de aumentos de impostos e redução do gasto público que pode afetar o país no próximo ano e que, segundo analistas, poderia destruir a recuperação econômica.
Banco Mundial
O presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim, afirmou neste sábado que em seu mandato espera que a instituição se transforme em "um banco de soluções" para os países em desenvolvimento.
Após a reunião realizada pelo Comitê de Desenvolvimento do BM e o FMI, Kim prometeu "um claro fluxo de ideias do norte e do sul sobre como aplicar de maneira mais efetiva serviços aos mais necessitados".
Kim, que assumiu seu cargo em julho, disse que "o entorno econômico é duro e muito desconcertante" e lembrou que atualmente há cerca de um bilhão de pessoas que vivem em "absoluta pobreza".
Sobre a falta de ampliação de fundos na entidade, o americano disse que o organismo se encontra em "muito boa situação financeira", que o manejo dos recursos foi efetivo e que por enquanto correspondem à demanda da entidade.
O presidente do BM ressaltou que o Comitê trabalha para superar "os desafios de melhorar a prevenção e a resposta" em caso de catástrofe natural de países em desenvolvimento.
A instituição estabeleceu um mecanismo de redução de catástrofes para que "o dinheiro esteja disponível" de maneira imediata, "como um seguro imediato" em caso de tragédias.
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