Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Política
Terça - 16 de Outubro de 2012 às 13:57

    Imprimir


Um dos integrantes mais atuantes na CPI dos Correios, que investigou o mensalão do PT, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, evitou comentar o trabalho do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso. Nesta terça-feira, Cardozo disse que não se sente à vontade para avaliar o julgamento de seus colegas petistas, nem pessoalmente nem como ministro de Estado.

"Eu, como cidadão, ex-deputado federal, tenho uma avaliação pessoal sobre tudo isso. Mas como ministro eu não posso comentar. A minha avaliação pessoal dessa questão fica para mim mesmo. Não seria conveniente que um ministro da Justiça fizesse considerações sobre um processo julgado pelo Poder Judiciário", alegou.

Cardozo justificou que, como ministro da Justiça, zela pela separação de poderes e que, portanto, não pode se "imiscuir" em questões relativas a outro Poder. "Eu não vou tecer comentários sobre aquilo que outro poder faz. Eu ficaria muito magoado se o membro de um outro poder fizesse uma ofensa ao princípio da separação de poderes, comentário a coisas que eu faço no Executivo. Eu não vou provocar esta mágoa em outro poder que seria uma inconveniência total, particularmente eu que sou ministro da Justiça", acrescentou.

O ministro reiterou a tese dominante no seu partido de negar o reflexo do julgamento do mensalão nas eleições municipais. "Sinceramente não (reflete), acho que a população brasileira percebeu muito claramente. Os resultados das urnas no primeiro turno revelam isso, que uma coisa é um processo que corre no Supremo em que algumas pessoas são acusadas, em que juízes estão julgando, em que podemos concordar ou discordar do que foi julgado", disse.

O ministro entende que isso não tem nada a ver com a ação eleitoral de um partido político que, na cidade, discute seu programa. "Claro que alguns querem confundir querendo tirar partido oportunisticamente, mas a sociedade brasileira saberá qual é o melhor candidato e a melhor proposta para sua cidade", defendeu.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.






Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/28499/visualizar/