De acordo com a docente, o homem que aparece no vídeo cometendo a agressão é funcionário público e foi à manifestação acompanhando seu cunhado, que é vereador, e tentava explicar o problema dos aparelhos. Segundo Francisca, ele estaria insultando os alunos, e ao tentar chamar sua atenção ela teria levado um tapa no rosto. "Ele ficava perguntando dos alunos porque eles não cobravam a administração passada. Ficava xingando os estudantes. Tentei chamar a atenção dele, toquei em seu rosto e ele me deu um tapa", disse Francisca Chagas ao G1.
O suposto agressor é William Duarte, que é funcionário público municipal e integra um projeto do Governo Federal com os jovens da escola em Autazes. Em entrevista ao G1, ele afirma também ter sido agredido, mas que se arrepende de ter revidado. "Eu apenas questionei porque tudo aquilo estava sendo cobrado tanto tempo depois da inauguração da escola e às vésperas de uma eleição municipal. Fui agredido, revidei, mas me arrependo. Foi um gesto de estupidez e ignorância", relatou.
Ele disse também que deseja encontrar a professora para lhe pedir perdão, e que não pretende levar o caso adiante na Justiça. "Sinto vergonha por esse ato isolado, que não reflete nem a minha conduta nem a dela, e que não está nos beneficiando. Queria encontrá-la para pedir perdão e não tenho interesse de levar o caso adiante na Justiça", revelou.
O caso foi registrado no 39º Distrito Integrado de Polícia (DIP), na sede de Autazes. O delegado titular do DIP, Rodrigo Barreto, classificou o ocorrido como "algo lamentável" e disse que o suposto agressor foi notificado, se apresentou espontaneamente, já foi ouvido e que alegou legítima defesa "Ele me disse que agiu em legítima defesa e que levou um tapa primeiro. Ele trouxe o vídeo da confusão, eu assisti, e constatei que ele realmente também sofreu uma agressão, porém, seu revide foi totalmente desproporcional", disse.
O delegado informou também que notificou a professora, e a aguarda na delegacia para que ela seja ouvida, e a partir daí ele possa encaminhar o caso para o judiciário.
A professora Francisca Chagas diz que os ares-condicionados são apenas parte dos problemas da escola, que segundo ela, também não tem carteiras e bebedouros em bom estado para os alunos. "Decidi apoiar a manifestação dos estudantes porque há muito tempo eles sofrem com esses problemas", revelou.
Ela informou também que depois da manifestação, alguns ares-condicionados foram instalados na escola, porém, eles ainda não estão em uso.
Cerca de duas semanas após a agressão, segundo a professora Francisca Chagas, William chegou a pedir desculpas, mas segundo ela, o processo continua. "Eu aceito as desculpas, mas o processo continua, foi uma agressão não só a mim mas aos alunos também", completou.
Escola
O gestor da Escola Municipal Zilma Lira Cabral, Eduardo Dias, disse ao G1 que acredita que a situação trata-se de um "jogo político", e que escola não vai interferir no fato. "O caso já está na Polícia, logo vai estar no judiciário e a escola vai deixar esse assunto nas mãos dos órgãos competentes. Acredito que era interessante pra um certo grupo de pessoas que uma confusão generalizada acontecesse, porque a todo momento pessoas ficavam atiçando uma briga", revelou.
Eduardo disse também que os ares-condicionados já foram entregues pela Prefeitura e já estão sendo utilizados. "Estávamos com um problema na rede elétrica, pois a instalação da escola foi feita de qualquer jeito. Resolvemos isso com o pessoal da Amazonas Energia e eles já estão funcionando", afirmou.
O diretor falou também sobre o problema dos bebedouros e das carteiras. "A gestão passada da escola emprestava mesas e cadeiras para festas da comunidade, e com isso, várias não voltavam. Estou recuperando essas mesas e cadeiras nas casas. Em relação ao bebedouro, tivemos um problema técnico com o nosso, e a Prefeitura alega que por enquanto não pode disponibilizar um novo por causa do período eleitoral. A previsão é de que assim que terminarem as eleições o bebedouro novo seja entregue", concluiu.
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