Marle Bandeira, meteorologista da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), explicou que entre os meses de fevereiro e maio, considerado o período mais chuvoso em algumas regiões do estado, foi registrado um saldo negativo em diversos municípios paraibanos. No Alto Sertão, era esperado uma média de 653,2 mm, mas choveu apenas 336 mm. Ou seja, 48,6% abaixo do esperado para o período considerado o mais chuvoso.
Já no Sertão, a média para o período era de 603,5mm, mas choveu apenas 249,1mm, que foi 58,74% do esperado. A região que foi mais afetada pela estiagem entre fevereiro e maio foi o Cariri e Curimataú. Os meteorologistas aguardavam uma média de 356,1mm, mas o registrado foi 75,2%, ou seja, 78,9% abaixo da média esperada para o período. Em Patos, no Sertão da Paraíba, a Aesa registrou uma das temperaturas mais altas, 36º C.
A situação é crítica no Alto Sertão da Paraíba, de acordo com o Secretário de Agricultura de Catolé do Rocha. É necessário percorrer 60km para buscar água em um açude em São José do Brejo do Cruz. A adutora que leva água do rio Piranhas, abastecendo os 28 mil habitantes do município, está passando por racionamento e quase todo o fornecimento na zona urbana e zona rural vem sendo feito através de carros-pipa.
“Desde julho o abastecimento está apertado por causa do racionamento. Estamos buscando a solução no Açude do Baião, distante mais de 60km de Catolé do Rocha. Escolas, unidades do Programa Saúde da Família (PSF) e até o presídio estão sofrendo com a situação. Está crítico”, afirmou o secretário Adjailson de Almeida Silva.
De acordo com a assessoria de imprensa da Defesa Civil da Paraíba, as regiões afetadas pela seca estão sendo assistidas tanto pelo governo Estadual quanto o Federal. Carros-pipa estão abastecendo os moradores da região. Equipes estão realizando a recuperação de poços artesianos e ração está sendo distribuídas para os animais, que também sofrem com a estiagem.
Causa
Marle Bandeira explicou que a falta de chuva no interior do estado foi provocado pelas baixas temperaturas registradas nas águas do oceano atlântico. “As águas superficiais do oceano estavam com as temperaturas mais baixas que o normal e isso contribuiu para a não ocorrência de chuva em toda Paraíba. Por conta das baixas temperaturas, não foi possível ocorrer a formação de nuvens para levar chuva para os municípios paraibanos”, explicou Marle Bandeira.
A previsão para os próximos dias é de variação de nuvens no Curimataú e Sertão. Para o Litoral, Brejo e Agreste, a previsão é de chuvas espaças.
Racionamento
Por conta a estiagem, a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) informou nesta sexta-feira (19) que as cidades de Remígio e Esperança, e os distritos de Lagoa do Mato, São Miguel e Cepilho, todas localizadas no Agreste paraibano, devem adotar um sistema de racionamento de água.
Conforme notícia divulgada nos perfis de redes sociais da Cagepa, o racionamento se deve ao baixo volume de água armazenada no Açude Vaca Brava, responsável pelo abastecimento das cidades que vão precisar racionar água. Os municípios de Remígio e Esperança estão localizados na microrregião paraibana do Curimataú, uma das mais afetadas pela estiagem no estado.
Combate a seca
Entre as ações do Comitê de Combate a Estiagem, estão a entrega de cerca de 7 mil cestas básicas do Ministério do Desenvolvimento Humano Nacional, recuperação de poços artesianos e Operação Carro Pipa. O Exército Brasileiro fez 293.678 atendimentos à população de 107 municípios.
A Secretaria de Infraestrutura do Estado em parceria com o Ministério da Integração Nacional atenderam 93 municípios com 222 carros-pipa. Além de distribuírem 19 mil toneladas de ração animal em 20 pólos de atendimento, que atendem mais de 20.000 produtores em 50 municípios.
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