A aproximação do furacão Sandy da Costa Leste dos EUA já causa transtornos para moradores da região mesmo antes de seu centro tocar a terra. Mais de 116 mil pessoas estão sem energia elétrica em sete estados, de acordo com a rede CNN, e o presidente Barack Obama afirmou que a falta de luz pode durar vários dias. No estado de Nova York, inundações foram registradas em Freeport, Southampton e na capital. Em Nova Jersey, diversas ruas de Atlantic City estavam alagadas e partes de seu calçadão, que dá nome a uma série de TV, haviam sido destruídas pelas ondas, segundo fotos de moradores colocadas no Twitter.
- Essa será uma tempestade grande e poderosa e acredito que todos estão se preparando de forma apropriada - disse o presidente, após reunião sobre a tempestade na Casa Branca.
Segundo estimativas do Kinetic Analysis Corp, uma empresa de análise de perigos em Maryland, o furacão poderia causar prejuízos de cerca de US$ 4 bilhões em Nova York, Pensilvânia e Nova Jersey. Charles Wilson, diretor da empresa, disse à Bloomberg que o dano potencial na região pode variar de US$ 15 bilhões a US$ 18 bilhões.
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse, em coletiva de imprensa, que escolas do município continuarão fechadas na terça-feira e que abrigos já receberam cerca de 3 mil pessoas, além de 73 animais de estimação. No estado da Carolina do Norte, foram registradas inundações nas ilhas de Hatteras e Ocracoke.
O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou nesta segunda-feira o fechamento de dois túneis na parte baixa de Manhattan, zona que estaria mais vulnerável a inundações, a partir das 14h (horário local). Cuomo se disse tranquilo e afirmou que todas as medidas necessárias foram tomadas.
- Fizemos tudo que era necessário. A tempestade está prevista. Haverá muita chuva e muito vento. A questão é a extensão da tempestade. Já é grande, alcançou o nível de Irene (furacão que atingiu Nova York em agosto do ano passado) - explicou Cuomo.
A Bolsa de Nova York decidiu suspender suas operações na segunda e terça-feira como precaução pela chegada do furacão Sandy, que colocou a cidade em alerta de emergência. É o primeiro fechamento forçado da bolsa desde o atentado de 11 de setembro de 2001, que atingiu o complexo do World Trade Center, próximo a Wall Street. O avanço do furacão transformou ainda Nova York em uma cidade fantasma e levou ao cancelamento de quase 9 mil voos nos Estados Unidos.
"A intenção é reabrir os mercados na quarta-feira, caso as condições climáticas permitam", informou a Bolsa de NY, em nota.
Um novo comunicado deve ser divulgado na terça-feira com atualizações. O fechamento de Wall Street é só uma das medidas do governo que tornaram Nova York uma cidade praticamente fantasma nesta segunda-feira. Inicialmente os operadores cogitaram fechar a bolsa apenas fisicamente, com algumas operações seguindo por vias eletrônicas. No entanto, devido a argumentos técnicos, a Bolsa decidiu suspender as atividades completamente, com perspectivas de continuar assim na terça-feira.
No domingo, o governador do estado, Andrew Cuomo, ordenou que todas as operações de transporte público - metrô, trens e ônibus - fossem suspensas a partir das 19h de ontem.A previsão é de que a rede de transportes seja normalizada em até 12 horas depois da passagem de Sandy. Há a possibilidade de o metrô ser reaberto na quarta-feira, mas a decisão vai depender de como será a passagem do furacão pela cidade. As pontes que ligam Manhattan ao Brooklyn e ao Queens serão fechadas ao tráfego caso os ventos ultrapassem 95 km/h.
Foi ordenada a retirada de mais 375 mil pessoas em zonas baixas da cidade, como os bairros de Rockaways, partes de Long Island City, onde dezenas de milhares de pessoas já estão sem luz, e do Queens, assim como Williamsburg, Greenpoint e zonas de praias de Manhattan e próximas ao Rio Hudson, ao East River e de Staten Island. Para os que não tem a opção de se mudar temporariamente para um hotel ou para a casa de familiares, a prefeitura disponibilizou 72 abrigos com capacidade para dezenas de pessoas.
Diretor de Segurança Pública: "Atlantic City está sob as águas"
Em Atlantic City, as equipes de resgate foram acionadas para retirar pessoas que estavam presas em suas casas devido às enchentes. Segundo Willie Glass, diretor de segurança pública do local, "a maior parte da cidade está sob a água".
Mais cedo, o governador Chris Christie disse que quem estava em áreas de risco deveria deixá-las antes que as condições piorassem.
- Não é hora de se exibir. Não é hora de ser estúpido - disse o governador.
Christie disse ainda que moradores das ilhas deveriam deixar os locais de risco no momento em que as águas retocedessem, à tarde. Caso não conseguissem, deveriam se abrigar nos pontos mais altos de suas casas.
Nove estados americanos - Nova York, Maryland, Pensilvânia, Virgínia, Connecticut, Nova Jersey, Massachussets, Delaware, Rhode Island e o Distrito de Colúmbia (Washington D.C) - declararam estado de emergência devido à chegada do furacão Sandy, que se aproxima da costa e deve chegar à terra ainda hoje.
Segundo o Centro Nacional de Furacões americano, a tormenta, que ainda é considerada de categoria 1, ganhou força. Se no domingo os ventos máximos eram de 120 km/h, na manhã desta segunda-feira eles chegavam a 135 km/h. O órgão também salientou que a previsão é de que o nível do mar aumente em cerca de três metros na Costa Leste americana.
A rede ferroviária Amtrak anunciou neste domingo via Twitter que “todas as rotas da manhã desta segunda-feira na Costa Leste serão canceladas, incluindo a rota que liga Washington a Nova York.”
Furacão fecha escritórios em Washington
A capital americana também se prepara para chegada do furacão Sandy nesta segunda-feira. Os governos federal e estadual anunciaram que seus escritórios estarão fechados por todo o dia e o prefeito Vincent Gray declarou estado de emergência.
O sistema de transporte público foi suspenso na noite de domingo e colégios e universidades cancelaram as aulas. Áreas próximas ao Rio Potomac foram reforçadas para impedir inundações.
Apesar da preocupação com as chuvas e os ventos, o maior problema da região são as regulares quedas de energia elétrica, que devem ser acentuadas com a chegada do fenômeno. Em junho, a companhia local de distribuição de eletricidade, a Pepco, demorou mais de uma semana para reestabelecer redes afetadas por uma tempestade.
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