Morador da cidade de Yonkers, em Nova York, ele morreu quando seu carro atingiu uma árvore que havia sido derrubada pelos fortes ventos na cidade próxima de Greenburgh. O acidente aconteceu por volta das 19h45 de segunda-feira (29), quando Ferreira Neto voltava para casa depois do trabalho.
A polícia afirma que ele dirigia um Toyota 1988 quando ocorreu o acidente. Ele morreu na hora, segundo a família.
O filho de Ferreira Neto, Lincoln Rosa Ferreira Neto, disse ao G1 que o pai foi trabalhar normalmente na segunda, apesar dos avisos sobre a chegada da supertempestade. Ambos trabalhavam como entregador de pizza na cidade de Armonk.
Ele saiu do trabalho às 19h e voltava dirigindo para casa. Em uma das estradas que usava como caminho, uma árvore havia sido derrubada pelos fortes ventos. Seu carro, que seguia pela faixa da esquerda, com maior velocidade, atingiu a árvore antes que pudesse desviar.
“A árvore já estava caída, não teve como ele ver, era logo depois de uma curva. O carro entrou debaixo da arvore, não tinha como ele desviar”, afirmou Lincoln.
Ele teve o pescoço quebrado e morreu na hora, segundo o filho. Quando os paramédicos chegaram, Ferreira Neto já estava morto, dentro do carro, com o cinto de segurança.
Lincoln espera conseguir levar o corpo do pai para o Brasil no meio da próxima semana. Ferreira Neto será enterrado no cemitério Jardim da Saudade, no Rio de Janeiro.
Contato
Lincoln havia falado com seu pai pela última vez por volta das 14h30 de segunda. “Ele disse que estava trabalhando, que a princípio ele não iria, mas depois os patrões mandaram ele ir trabalhar. Ele falou que estava muito movimentado, com várias entregas”, contou o filho, que disse não ter ficado preocupado. “Ano passado teve o [furacão] Irene, que não foi muita coisa, mas neste ano o estrago foi muito grande. Ano passado teve a mesma preparação, mas não aconteceu nada.”
Licoln tentou falar com o pai novamente por volta das 21h, e ele não atendeu. Ele continuou tentando até as 23h, sem sucesso. “Minha esposa falou que tinha acontecido algo. Liguei na casa dele, ele não atendeu, mas estava sem luz, eu achei que ele estava dormindo, não estava preocupado”, contou.
Na manhã de terça-feira (30), o filho tentou contato novamente, sem sucesso. Ele foi então ao trabalho de seu pai, e descobriu que ele não havia aparecido. De lá, seguiu para seu trabalho, onde disseram que a polícia havia entrado em contato avisando que seu pai tinha se envolvido em um acidente.
Lincoln ao lado do pai, Tiago, que morreu em acidente nos EUA (Foto: Arquivo pessoal)
“Liguei para o sargento, falei meu nome, disse que era filho, e ele contou que meu pai tinha sofrido um acidente. Perguntei onde ele estava, e o sargento disse ‘seu pai não sobreviveu’”, conta Lincoln. “Entrei em choque, não acreditei, comecei a chorar”. A família foi até o hospital, mas não conseguiu ver o corpo devido à gravidade dos ferimentos.
"O policial falou que não tinha como parar, se ele não tivesse batido seria o de trás. Teve outro acidente no mesmo local, mas o rapaz estava na faixa da direita, tinha o acostamento para desviar. Quebrou o vidro da frente do carro, mas o motorista sobreviveu", contou.
Transporte para o Brasil
Os efeitos do Sandy dificultaram também o início dos trâmites para o transporte do corpo para o Brasil. Lincoln tentou contato com o consulado brasileiro na quarta-feira (31), mas não conseguiu, pois o consulado estava fechado devido à supertempestade. Ele conseguiu contato nesta quinta-feira (1º). “Depois que eles reabriram foi rápido, estão dando o apoio necessário”, afirmou.
Segundo o brasileiro, o corpo de seu pai ainda está no Instituto Médico-Legal (IML) local e deve ser levado para a funerária ainda nesta sexta-feira (2). Ele precisa providenciar alguns documentos para levar até o Consulado, que irá realizar os trâmites necessários.
Ferreira Neto morava há 13 anos nos Estados Unidos, e segundo seu filho, não tinha planos de voltar para o Brasil. “Ele adorava esse país, a gente se apaixonou pelo país, é muito confortável viver aqui. Essa fatalidade ocorreu porque a árvore caiu devido ao furacão.”
Ferreira Neto morava sozinho, e tinha outros três filhos – um vive na Bolívia e os outros dois no Brasil.
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