Mesmo após a notícia de que 37 candidatos haviam sido eliminados pelo Ministério da Educação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no sábado (3), fotos das salas de provas e dos cartões-resposta continuaram aparecendo na internet após as 13h deste domingo (4). Embora em menor número que no sábado, pelo menos duas fotos de cartões-resposta, do rascunho --em branco-- da redação, e da sala de provas, com outros participantes do exame, foram publicadas na rede social Instagram, de compartilhamento de fotos.
O edital do Enem afirma, no artigo 12.5, que "o participante deverá guardar, antes do início das provas, em embalagem porta-objetos fornecida pelo aplicado, telefone celular desligado, quaisquer outros equipamentos eletrônicos desligados e outros objetos, como os relacionados nos itens 12.3.2 [como lápis, canetas de cores que não a preta, calculadoras, relógios, tablets, entre outros] e 12.3.3 [óculos escuros e artigos de chapelaria], sob pena de eliminação do exame". Isso quer dizer que, ao receber o material da prova --incluisive o cartão-resposta--, o smartphone de todos os candidatos já deveria estar desligado e guardado.
Ao tirar a foto e enviá-la a sites públicos da internet, onde o conteúdo é livremente compartilhado, os candidatos que não respeitaram o edital acabaram produzindo provas contra si mesmos. Uma simples busca pela palavra "Enem" em algumas redes sociais foi suficiente para encontrar mais de 20 fotos proibidas pelo MEC na tarde de sábado. Neste domingo, outros candidatos repetiram o erro.
O Ministério afirmou que só irá se pronunciar sobre novos casos de eliminação no fim da tarde deste domingo.
Um usuário do interior de São Paulo, por exemplo, publicou uma foto de seu cartão-resposta e do papel para o rascunho da redação, que só é distribuído no segundo dia de provas.
Candidatos que ficaram sabendo das eliminações ocorridas no sábado foram mais precavidos neste domingo. Muitos deles publicaram fotos do lado de fora da sala de provas ou do prédio em que fariam o exame, para não correrem o risco de serem eliminados ao compartilhar uma foto. A palavra-chave "Enem" no Instagram tem mais de 13 mil registros, a maioria auto-retratos dos candidatos ao sair de casa, ou uma montagem de seu documento, a caneta esferográfica preta e o cartão de confirmação que receberam nas últimas duas semanas pelo correio --esse sim um documento que não faz parte da prova, mas contém informações pessoais dos estudantes, como o número do RG e do CPF, que também acabaram expostos.
Outras eliminações
Um estudante de 16 anos foi eliminado do Enem em Vitória (ES), depois de ter feito a prova do segundo dia quase inteira. Ele afimou que, pouco antes do horário de liberação, o alarme de seu celular tocou e um inspetor recolheu sua prova.
Dois candidatos de Goiânia (GO) foram excluídos da prova neste domingo porque levavam um relógio no pulso. Uma jovem, que foi retirada da prova, saiu chorando do colégio e não quis dar entrevistas. Já o outro adolescente, de 17 anos, disse que não usou relógio na prova de sábado, mas se esqueceu de tirá-lo neste domingo. Ele afirma que sabia da proibição, mas que no segundo dia os fiscais não alertaram os estudantes novamente sobre a regra.
O vigia André Pereira, de 33 anos, foi retirado do seu local de provas, no Rio de Janeiro, antes do início do Enem. No sábado (3), ele conseguira fazer a prova com a cópia da identidade autenticada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mas, desta vez, foi impedido pelo fiscal. O funcionário seguiu o edital, que de fato exige documento original de todos os candidatos.
"Sinto-me lesado e triste. Fiquei uma hora aqui dentro à toa. Agora vou para a delegacia", afirmou André. Segundo ele, o fiscal alegou que o erro foi do colega que aceitou a cópia do documento no dia anterior.
Fotos de cartões de respostas do Enem foram postadas no sábado (Foto: Reprodução)
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