O júri deve começar às 13h desta segunda no plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista. Carla, que sempre negou o crime, irá a julgamento mais de seis anos após a morte do coronel.
Ubiratan foi assassinado na noite de 9 de setembro de 2006 em seu apartamento, nos Jardins, em São Paulo. Segundo o Ministério Público, Carla atirou no namorado motivada por ciúmes. A advogada atendeu a um telefonema de uma delegada da Polícia Federal que era um "affair" de Ubiratan, segundo a acusação. O tiro atingiu o abdômen do coronel. A arma usada seria da própria vítima, um revólver calibre 38, e jamais foi encontrada.
"A acusada se mostrou na situação uma mulher ciumenta e que estava querendo pautar a vida do coronel. E isso que desencadeou todo o crime", afirma Calsavara. Segundo o promotor, Carla chegou naquela noite a trocar uma mensagem passando-se por Ubiratan com a delegada. Ele destaca ainda traços de possessividade no caráter da advogada e que ela passou a decidir coisas da vida do coronel. “Ela comprava alimentos, remédios, trocou as chaves dias antes, a empregada ela que arrumou”, afirma Calsavara. A expectativa é que ela possa pegar pena de até 30 anos de prisão.
Testemunhas
A oitiva das testemunhas será a primeira etapa do julgamento e deverá ocupar os primeiros dias do júri. Em seguida, Carla Cepollina será ouvida. Apenas depois os advogados vão expor suas teses aos jurados e estes decidirão pela condenação ou absolvição de Carla.
Segundo o Ministério Público, a delegada é a principal prova do crime. Ela foi convocada como uma das cinco testemunhas de acusação. Poderão estar presentes também dois delegados, uma moradora do prédio e um perito que realizou um teste sonoro no apartamento.
A defesa também arrolou testemunhas. Uma delas, no entanto, pode ser o motivo do adiamento do júri. Foi feita uma tentativa de intimação em um endereço onde ela não foi encontrada. As tentativas prosseguem em dois novos endereços, de acordo com o advogado de defesa de Carla, Eugênio Carlo Balliano Malavasi. Ele afirma que vai insistir para que o júri só ocorra com a presença da testemunha. O juiz decidirá se o júri deve ocorrer.
Coronel Ubiratan Guimarães, que morreu em 2006
em São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Arquivamento
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o crime, resolveu indiciar Carla pela morte. Entretanto, no dia 30 de outubro de 2008 o processo foi arquivado pelo juiz Alberto Anderson Filho. Em sua decisão, o magistrado entendeu que não havia provas suficientes para indiciá-la. Em junho de 2010, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que a advogada fosse submetida a júri popular.
Ubiratan foi o comandante da invasão do presídio do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, em 1992, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar. O coronel chegou a ser condenado pela Justiça a 632 anos de prisão, mas foi absolvido pelo órgão especial do TJ-SP. À época de sua morte, Ubiratan era deputado estadual. Seu corpo foi encontrado por assessores no dia 10 de setembro, um dia após o assassinato.
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