Surdos propõem criação de escolas bilíngües em MT
A efetivação de Escolas bilíngues (Língua Oral e Língua Brasileira de Sinais) está entre as propostas que deverão ser debatidas por alunos surdos e profissionais da educação, durante o II Seminário de Educação de Surdos de Mato Grosso. O evento teve início nesta segunda-feira (07), no Hotel Fazenda, em Cuiabá, e se estende até a sexta-feira (09).
Cerca de 120 pessoas prestigiaram a abertura do seminário, que ocorreu pela manhã e contou com a participação da gerente de Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Nágila Zambonatto, e representantes do Centro de Formação dos Profissionais da Educação e Atendimento a Pessoa Surda (CAS), e Centro Estadual de Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceada).
Nágila destacou a importância do Seminário como forma de conhecer dos estudantes surdos as observações sobre o atual modelo de educação inclusiva, bem como as necessidades de possíveis mudanças. Ela citou que a idéia de escolas bilíngües está em debate no país e possui muitos adeptos em Mato Grosso, pelo fato de grande parte surdos terem dificuldades de acompanhar o processo de ensino das escolas regulares.
“Nesse sentido estamos discutindo na Câmara Básica do Conselho Estadual de Educação (CEE) uma resolução para que os professores também tenham formação em Libras. Isso porque o atual modelo de escola inclusiva com o professor regente em sala de aula, tendo o apoio de interpretes ouvintes, não tem atendido a necessidade formativa dos surdos. Por exemplo, a forma como a língua portuguesa é ensinada aos surdos da mesma forma que ensina-se aos ouvintes dificulta o aprendizado, porque a compreensão obtida pelos deficientes por meio da Libras é diferente da compreensão dos demais”, explicou.
Em palestra ela também apresentou todo o histórico de luta para a educação dos deficientes auditivos, bem como apresentou as ações realizadas pela Seduc nos últimos anos. Entre as ações estão à criação do Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (Casies). Atualmente reúne 110 profissionais que ofertam cursos de formação em Libras durante o ano para educadores e interessados em atuar como intérpretes, além de formação para professores surdos; e a efetivação e manutenção de 399 salas de recursos multifuncionais nas unidades de ensino.
As propostas apresentadas no Seminário irão compor as propostas de políticas públicas específicas para a Educação de Surdos de Mato Grosso, conforme informou a técnica da Gerência, Luzinete Almeida da Silveira. “Além da resolução que está em debate no CEE, a intenção é estabelecermos as políticas para essa área da educação que serão aplicadas pelo Estado”, relatou. Conforme o último censo populacional do IBGE, Mato Grosso possui cerca de 100 mil deficientes auditivos. Destes, 12 mil são atendidos pela Educação Estadual e entidades conveniadas (filantrópicas). “O nosso desafio está posto: atender mais pessoas e com cada vez mais qualidade”, finalizou Nágila. (Ascom) W.S
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