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Polícia
Sexta - 09 de Novembro de 2012 às 07:36

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Neste ano, 30 mulheres foram vítimas de crimes passionais em Cuiabá e Várzea Grande. Os dados da Polícia Judiciária Civil (PJC) são de janeiro a outubro deste ano. Mas, a mais recente vítima deste tipo de crime pode ter sido a estudante Ariele Lopes da Silva, 23 anos, que foi assassinada a tiros junto com o filho de 4 anos no dia 1º de novembro no bairro Serra Dourada, na capital.

O ex-marido dela e pai da criança, Geanderson Xavier Rangel, de 24 anos, confessou o crime. A polícia investiga a suspeita do ex-marido da jovem estar inconformado com a separação, embora a família aponte que o crime tenha sido motivado por causa da pensão do filho. O conceito popular para crime passional é o cometido por paixão.

Os dados da PJC mostram ainda que de um total de 181 homicídios registrados na Capital no mesmo período, os casos passionais representam 15%. Já em Várzea Grande, onde ocorreram 119 assassinatos, o índice de crimes motivados por paixão é 9%.

Além de configurar em números absolutos de homicídios como um dos mais violentos, o Pedra 90 também registrou em outubro passado o caso do ex-inspetor de pátio de um colégio particular da Capital, Jorge Carlos da Silva, de 46 anos, que desferiu um total de 57 facadas para matar a ex-esposa Sandra Baguetti, de 36 anos, e duas filhas dela - Elisa, de 14, e Karina, de 13 anos. De início, ele alegou aos policiais que não aceitava a separação.

Da 16ª Promotoria de Combate à Violência Doméstica, a promotora Elisamara Portela entende não está havendo aumento da violência contra a mulher, mas que até por conta da forma como são cometidos, ganharam maior visibilidade. “Há uma sensação de aumento, mas infelizmente sempre aconteceram”, destacou.

Situação, conforme ela, fruto de um machismo velado e que a sociedade tolera. “A Justiça não vai resolver o problema sozinha. O Ministério Público tem projetos, mas também não vai resolver sozinho. O problema é social e cultural”, disse. “O agressor não se reconhece como agressor. Acha que tem direito de agredir a mulher quando ela deixa de fazer a comida, quando reclama que está com dor de cabeça. A mulher não reconhece que faz parte de um ciclo de violência porque foi criada em uma sociedade machista”, acrescentou.

Elisamara Portela lembra que embora na maioria das vezes as vítimas ou os agressores atribuem o crime ao mau humor, drogas e bebidas, o que se tem constatado é que 90% dos casos ocorre por conta do ciúme. Mas, vale reforçar que a promotoria trabalha com casos de violência doméstica, ou seja, que é praticada dentro de casa ou no âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentesco como marido e mulher, sogra, padrasto, irmãos, entre outros.

Titular da Promotoria de Justiça Especializada no Combate à Violência Doméstica, Lindinalva Rodrigues Dalla Costa garante ainda que não há casos de impunidade. “Temos 100% de condenação. Ninguém está solto”, afirmou. Para ela, os casos também são frutos da passividade, machismo e preconceito. “Ainda há homens que se vêem como os donos da mulher, que as vêem como objeto e quando elas querem romper a relação abusiva eles não aceitam”, frisou.

No próximo dia 6 de dezembro será realizada a campanha “Laço Branco”, que tem como objetivo sensibilizar, envolver e mobilizar os homens no engajamento pelo fim da violência contra a mulher. Mas, todos podem participar. 

 





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