“O verdadeiro problema é a falta de uma liderança política que represente um modelo alternativo”, disse a mandatária, que evitou mencionar abertamente os protestos.
“Nós cremos em nosso projeto político, (os outros) que se encarreguem de criar um projeto com base no que a sociedade quer”, disse Cristina, acompanhada por boa parte de seu gabinete, durante um encontro com prefeitos da província de Buenos Aires.
A presidente Cristina Kirchner assegurou nesta
sexta que seu projeto "é de inclusão" (Foto: AP)
A presidente voltou a evocar a figura do marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, que faleceu em 2007. Segundo ela, ele empenhou-se em “convencer os argentinos de que decisões foram tomadas pela Casa Rosada” (sede do governo).
Cristina assegurou ainda que seu projeto político “é de inclusão”, até para aqueles que não estão de acordo e relembrou os principais eixos de sua gestão.
Protesto reuniu milhares de argentinos em frente ao
Obelisco, em Buenos Aires (Foto: AP)
Protestos
Convocados através das redes sociais, milhares de argentinos tomaram as ruas das principais cidades argentinas, na quinta-feira (9). Eles fizeram um "panelaço" contra o governo de Kirchner.
Os manifestantes reclamam, entre outras coisas, maior segurança, respeito a liberdade de imprensa, uma justiça independente, controle da inflação e o fim das restrições cambiais. Além disso, eles são contrários a uma possível mudança da constituição que permita que Kirchner dispute um terceiro mandato presidencial em 2015.
"Sim à democracia, não à reeleição", gritavam os milhares de manifestantes nas ruas das principais cidades do país, entre elas Buenos Aires, Rosário (centro-leste), Córdoba (centro), Mendoza e Bariloche (oeste).
Na capital, a multidão ocupou o Obelisco, tradicional monumento, sob um grande cartaz com a frase “Chega de matar”, em alusão à crescente violência criminal no país. O protesto também invadiu a tradicional Praça de Maio, diante da Casa Rosada, sede do governo.
Reeleição
Cristina Kirchner chegou ao poder em 2007 e em 2011 foi reeleita para um segundo mandato, que concluirá em 2015.
A Constituição argentina não permite uma segunda reeleição, mas setores do governo já falam em uma reforma ao estilo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, o que é rejeitado por mais de 80% da população, segundo pesquisas.
A manifestação em massa ilustra a perda do apoio da classe média. As últimas pesquisas de opinião revelam uma significativa queda na aprovação de Kirchner - reeleita em outubro passado com 54% dos votos - devido ao agravamento da situação econômica na Argentina provocado pela crise internacional.
As eleições para a renovação da metade da Câmara dos Deputados e de um terço do Senado estão previstas para outubro de 2013, e segundo os analistas, dificilmente Kirchner obterá uma vitória capaz de lhe assegurar os dois terços do Congresso necessários para reformar a Constituição.
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