A juíza indeferiu o pedido do promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro em despacho com a data desta quarta (14), às 18h, ao qual o G1 teve acesso. Ela justifica sua decisão dizendo que o promotor havia substituído a testemunha por outra e que a defesa não havia pedido que Jorge substituísse alguma testemunha dos réus. Além disso, ela diz que, em outro ofício, ficou claro que Jorge não queria colaborar no processo e, na condição de informante, e não de testemunha, ele não seria obrigado a isso, cabendo a decisão apenas à magistrada. Por fim, ela argumenta que não há tempo razoável para atender ao pedido do MP, uma vez que o jovem se encontra sob proteção, em outro estado.
A advogada da ré Fernanda Gomes Castro, Carla Silene Bernardo Gomes, disse ao G1, nesta quinta-feira (15), que também gostaria de ouvir o jovem durante o julgamento, mas que pretende exibir vídeo do depoimento do então menor em juízo, no ano de 2010.
Jorge Luiz Lisboa Rosa é considerado testemunha-chave no processo, já que contou à polícia detalhes da execução de Eliza, conforme consta no inquérito policial e no processo. Ele cumpriu medida socioeducativa e, atualmente, está inserido no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, segundo o Ministério Público.
Na última sexta-feira (9), o promotor disse que, por medo, Jorge Rosa se recusou a participar do julgamento como testemunha. O pedido para que ele fosse ouvido foi encaminhado à juíza na terça-feira (13).
Nem o promotor, Henry Wagner, nem a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foram encontrados para comentar sobre o despacho.
O júri
Para o júri popular, serão convocadas 25 pessoas que moram em Contagem, que são maiores de 18 anos e que não têm antecedentes criminais. Sete delas serão escolhidas por sorteio. Elas vão ocupar as cadeiras da sala onde acorrerá o julgamento, e o restante será dispensado.
Quando o júri começar, serão ouvidas 30 testemunhas de acusação e de defesa, além de três autoridades policiais. Somente depois, os réus começam a ser interrogados.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Para a polícia, a ex-namorada do jogador foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.
Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o garoto mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
Entenda as acusações
Em 19 de novembro, Bruno Fernandes e mais quatro réus serão julgados no Tribunal do Júri de Contagem. O goleiro e o amigo Luiz Henrique Romão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, que morreu neste ano, mas ele respondia ao processo em liberdade. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Na fase de inquérito sobre o desaparecimento e morte de Eliza, Sales e o outro primo do goleiro Bruno – Jorge Luiz Rosa – contribuíram com informações à polícia. Segundo a investigação, eles estiveram com Eliza no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG).
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
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