O caixão de Wellington foi produzido sob medida em Feira de Santana, a 100 km da capital baiana, pesa 50 quilos, tem dez alças, 2,20m de comprimento, 1m de largura e 70 cm de altura.
Enterro será no Cemitério Quinta dos Lázaros
(Foto: Egi Santana/G1)
Do Hospital Roberto Santos, o corpo seguiu para o Cemitério Quinta dos Lázaros, no bairro da Baixa de Quintas, em Salvador. O enterro está marcado para 15h desta sexta-feira.
A família de Wellington acompanhou o processo de remoção do corpo, exceto uma das irmãs dele, de 27 anos, que também sofre de obesidade mórbida e há mais de um ano não consegue sair de casa.
"A gente não quer que ninguém passe por essa situação que nossa família está passando. Meu irmão chegou a esse estado porque ele tinha vergonha da sociedade. Juntou isso à depressão. Ele era um irmão querido. Eu não esperava encontrar meu irmão dentro de um caixão", lamenta Washington Cortes. "Agora nós queremos ajuda para minha irmã, que também tem essa doença. Nao podemos passar por isso de novo", teme.
Segundo a família, Wellington começou a engordar aos 28 anos. Há pelo menos dois anos, parou de trabalhar porque já não conseguia nem andar.
Wellington foi retirado de casa com ajuda do Corpo
de Bombeiros (Foto: Imagem/TV Subaé)
Morte
Segundo as informações dos diretores do Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, Wellington Cortes Conceição morreu após sofrer duas paradas cardíacas em sequência, na madrugada de quinta-feira.
Ele estava internado na unidade desde a terça-feira (13), após sofrer uma queda em sua casa, no município de Amélia Rodrigues. O corpo de Bombeiros de Feira de Santana usou um guincho para retirá-lo da residência. Ele foi inicialmente levado para o Hospital Geral do Estado (HGE) e depois foi transferido para o Roberto Santos.
Os detalhes com as causas da morte foram divulgados em coletiva de imprensa realizada no Hospital Roberto Santos. Na entrevista, estiveram presentes a diretora geral da unidade, a médica Delvone Almeida, o diretor administrativo, Kerley Ladeia, e o médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Luciano Ferreira dos Santos.
Segundo as informações de Delvone Almeida, Wellington teve uma primera parada cardiorrespiratória por volta da 1h da madrugada de quinta, quando foi reanimado pelos médicos da unidade. "Por volta das 1h40, o paciente sofreu uma segunda parada cardíaca e dessa vez, infelizmente, não resistiu às reanimações", explicou a diretora.
Médicos do Hospital Roberto Santos
(Foto: Imagem/TV Bahia)
O médico Luciano Ferreira de Sousa explica que a obesidade pode ter sido um dos fatores agravantes do quadro. "Toda a situação dele exigia cuidado, por ser um paciente obeso e que já chegou com quadros de dispineia [falta de ar], hipertensão e problemas de circulação sanguínea, causadas pelo problema do peso", explica.
Ainda segundo os diretores, a equipe médica suspeita que uma embolia pulmonar tenha causado as paradas cardíacas. A doutora Delvone explica que "quando a circulação é lentificada, o sangue pode coagular e esses coágulos podem se deslocar e chegar até o pulmão, interrompendo a circulação pulmonar, que é a chamada embolia pulmonar massiva, o que provavelmente aconteceu com o paciente".
Lerley Ladeia falou das necessidades especiais que Wellington teve enquanto esteve no hospital e do comportamento do rapaz. "Ele necessitou de uma cama especial, além de uma cadeira adaptada para que ficasse mais sentado, por conta da dificuldade para respirar. Como pessoa, a todo momento era constatado a vontade dele de reverter o quadro da obesidade. Ele era uma pessoa de bom relacionamento com toda a equipe, sempre otimista", diz.
Entenda o caso
O rapaz foi hospitalizado na sexta-feira após sofrer uma entorse na perna, decorrente de uma queda no banheiro de casa. Após o atendimento no HGE, familiares demonstraram o interesse de que Wellington iniciasse um tratamento específico contra a obesidade.
Uma amiga da família, Valdete Alves da Paixão, contou que devido à dificuldade de locomoção, Wellington passava o tempo todo dentro de casa, em Amélia Rodrigues.
Acidente
Solange Santos, esposa de Wellington, informou que após a queda, ela conseguiu tirar o marido do banheiro com ajuda de outras pessoas, mas não foi possível tirá-lo de casa para uma unidade de saúde devido à dificuldade de locomoção. A família acionou o Corpo de Bombeiros local e um guincho para que fosse possível fazer o resgate de Wellington, que durou quatro horas e meia.
Cerca de dez pessoas auxiliaram o trabalho de retirada do morador e uma parede precisou ser derrubada. Uma ambulância da concessionária Via Bahia foi cedida para transportar o paciente até o HGE.
No HGE, oito homens participaram da remoção do paciente da ambulância para uma maca.
Resgate durou cerca de quatro horas e meia em Amélia Rodrigues (Foto: Imagem/TV Subaé)
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