“O número de participantes não faz diferença. O que realmente importa é que este é um evento de grande visibilidade, que traz uma mensagem de paz e pede ao Congresso Nacional para criminalizar a homofobia e alerta as autoridades para o fato de somente 10% dos municípios brasileiros terem políticas públicas voltadas para homossexuais”, disse um dos fundadores do Grupo Arco-Íris e coordenador do programa Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento.
O desfile que seguiu do Posto 6 ao Posto 2, contou com 15 trios elétricos e começou às 16h, uma hora após o previsto, devido à grande quantidade de discursos realizados na concentração do evento. O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, foi um dos que se pronunciou e, representando o governador Sérgio Cabral, levou boas novas aos participantes.
O tradicional bandeirão com as cores do arco-íris não resistiu à animação do público, que abriu um buraco no adereço (Foto: Alexandre Durão/G1)
“O Rio foi pioneiro em duas leis sugeridas em eventos como esse. Uma delas, em vigor, garante ao público LGBT direitos previdenciários. A segunda lei foi suspensa no Tribunal de Justiça há cerca de um mês, quando um homofóbico entrou com um recurso e suspendeu a lei. Mas na próxima semana, o governador vai reapresentá-la. Essa é uma lei que nasceu do desejo das pessoas que vão paras ruas gritar por seus direitos. É nas ruas que se conquista a liberdade", disse Minc.
Outra novidade anunciada por Cláudio Nascimento foi a convocação para a passeata em defesa dos royalties do petróleo, no dia 26, no Centro da cidade. Uma enorme bandeira convocava o público gay para o evento.
“Sem os royalties do petróleo uma série de programas de assistência social, inclusive dirigidos a homossexuais, ficarão sem investimentos, serão prejudicados”, destacou Nascimento.
Debaixo de sol forte, gays, lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes dançaram e se divertiram debaixo de sol forte e muito calor. Sob o tema “Coração não tem preconceitos. Tem amor”, com trajes coloridos, emplumados, brilhantes e descontraídos, os participantes fizeram da orla uma grande pista de dança.
Uma enorme faixa foi exibida, durante a Parada Gay, convocando a população para o ato a contra a aprovação do projeto de lei que redistribui os royalties do petróleo (Foto: Alexandre Durão/G1)
Teve super-herói como Wolverine, Carmem Miranda com Zé Carioca e Hebe Camargo. Mas houve também quem não seguisse a própria intuição, como o comerciante Milton Estevam, que se vestiu de Rainha do Silicone Queen.
“Há oito anos desfilo na Parada Gay, não só no Rio, mas em Brasília e São Paulo. Além da diversão, crio a personagem para chamar a atenção das pessoas contra a homofobia e o preconceito de algumas religiões”, disse o siliconadíssima Rainha.
Teve gente que foi apenas de short e camiseta, mas se divertiu do mesmo jeito, como o vendedor Eduardo Silviano, que pulava junto com um grupo de amigos sem parar. “Isso aqui é muito alto astral, nem o calor me derruba. Não dá para ficar parado. A gente vem para cá para desfilar nossa alegria, se divertir. Não precisa de fantasia, precisa de energia”, disse Eduardo.
As amigas Adriana e Ennyr (Foto: Alba Valéria
Mendonça/ G1)
Já as protéticas Adriana Cristina, torcedora do Fluminense, e Ennyr Silva, torcedora do Flamengo, aproveitaram o domingo de folga para ver a Parada Gay pela primeira vez. As amigas fazem parte do percentual dos 40% heterossexuais que participam da festa, segundo cálculos do Grupo Arco-Íris.
“Não somos gays. Viemos de curiosidade. Vou aproveitar para comemorar o título do Fluminense. Tudo é festa”, disse a torcedora do time de futebol, que sagrou-se tetracampeão brasileiro no último domingo (11).
A festa terminou por volta das 20h. Segundo o comandante do 19º BPM, sem grandes incidentes: alguns casos de furto e pequenos acidentes sem gravidade.
Já agentes da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop), com apoio da Guarda Municipal, apreenderam 1.976 bebidas diversas, 52 óculos, 36 espetinhos de camarão, dois guarda-sóis, dois triciclos, uma bandeja, uma faca e uma canga com ambulantes não autorizados durante o evento. Também foram multados 461 veículos e 44 rebocados por estacionamento irregular nas imediações do evento.
Público caprichou nas fantasias ao participar da 17ª Parada do Orgulho LGBT, em Copacabana, Zona Sul do Rio (Foto: Alexandre Durão/G1)
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