Racismo está na alma das pessoas, afirma descendente de quilombolas
“O racismo ainda está na alma das pessoas”. A frase é do presidente do Quilombo Capão Negro, de Várzea Grande, Elizeu Silva, o Xumxum, em entrevista concedida ao Olhar Direto neste dia 20 de novembro, data feriado da Consciência Negra.
De acordo com Xumxum, a população afro descendente tem obtido uma sequencia de avanços na quebra de barreiras no país, mas muito ainda precisa melhorar. A falta de sensibilidade institucional por parte da Prefeitura de Várzea Grande é um exemplo negativo que ele destaca nesta caminhada.
“Nós vamos para Brasília e buscamos recursos, conseguimos, mas o dinheiro não vem porque a prefeitura não faz projetos”, reclama. “Existem recursos federais para nós [negros] que só não vem porque não tem projetos”, reclama.
O quilombola afirma que o governo federal tem verbas destinadas à programas de saúde de negros, ciganos, LGBT e moradores de rua, que não vêm para Várzea Grande. “Seriam R$ 400 mil para os municípios, mas esse dinheiro não vem”, reclama.
Além da falta de verba para saúde, Xumxum alega que o município também não está preparado para cumprir a lei 10639/2003, que obriga o ensino da cultura negra nas escolas.
“Os professores não tem esse preparo didático para ensinar os aluno”, denuncia. De acordo com o líder do movimento negro, os professores não tiveram essa preparação no período anterior a criação da lei e também não passaram por nenhum processo de atualização pela prefeitura.
O movimento negro tem tentado mudar essa realidade, capacitando, na medida do possível, os professores da rede pública. “O que nós fazemos é passar nas escolas, damos palestra aos professores, damos material para eles se prepararem”, afirma.
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