Meninas estão fazendo cirurgia íntima antes dos 15 anos na Inglaterra
Cerca de 340 garotas com 14 anos ou menos fizeram cirurgias íntimas no Reino Unido nos últimos seis anos, segundo pesquisa. O motivo das operações, segundo o jornal Daily Mail, seria estético. Os procedimentos de remodelação genital são concedidos com base no argumento de que a insatisfação com o órgão sexual seria psicologicamente prejudicial.
De acordo com pesquisadores do University College Hospital, em Londres, liderados pela médica Sarah Creighton, o problema é a ausência de uma idade mínima para esse tipo de cirurgia. O crescimento da procura pelo procedimento pode estar vinculado às poucas e imprecisas informações encontradas na internet, geralmente fornecidas por clínicas particulares.
Segundo os especialistas, sites de estabelecimentos que oferecem a operação estética apresentam alegações infundas sobre os benefícios do procedimento. Além disso, os termos usados para falar sobre os riscos da cirurgia são confusos. Uma pesquisa publicada no BMJ Open, feita em 10 sites, mostrou que há pouca informação sobre os possíveis problemas de curto ou longo prazo causados pela operação. “Porém, alegações sobre benefícios físicos, psicológicos e sexuais que a cirurgia ofereceria estavam presentes em todos os sites”, afirmou Sarah.
As operações para remodelar os grandes e pequenos lábios estão cada vez mais comuns pois as mulheres estariam insatisfeitas com sua aparência. No entanto, não há uma idade mínima para a cirurgia, o que, segundo Sarah, pode levar meninas a fazerem procedimentos cirúrgicos sem necessidade. “As indicações para a cirurgia neste grupo de crianças são desconhecidas, mas anomalias labiais que requerem intervenções cirúrgicas são extremamente raros. Um recente estudo mostra que meninas com nove anos com vagina normal já fizeram o procedimento. Porém, o tamanho dos pequenos lábios mudam durante a fase da puberdade até a idade adulta. Quanto mais nova a menina maiores são os riscos da cirurgia”, explicou a médica.
Um estudo do ano passado revelou que mais de 2 mil mulheres fazem cirurgias íntimas pelo sistema público de saúde britânico e muitas outras feitas em clínicas particulares. Alguns especialistas dizem que essa demanda é impulsionada pela indústria da pornografia e da TV, na qual todas as mulheres têm partes do corpo perfeitamente simétricas. “As cirurgias normalmente não têm nada a ver com uma doença ou condição física. Há algo cultural em como as mulheres estão enxergando seu órgão genital”, defendeu Lih-Mei Liao, psicólogo clínico do University College Hospital.
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