De acordo com o diretor da escola, Elias Martins, os dois adolescentes estavam ‘pendurados’ em várias disciplinas por conta das notas baixas. “Eles precisavam de notas bem altas para garantir a aprovação. O adolescente que foi atingido pelo tiro precisava alcançar até mais que a nota nove em oito disciplinas para ser aprovado. O que atirou estava com problemas em cinco matérias”, afirmou o diretor.
Quatro dias depois de ter sido baleado, o adolescente de 17 anos afirmou ao G1 que tinha dúvidas se iria retornar à escola. “Não sei se vou voltar”, disse. De acordo com o diretor, a vítima ficou com receio de voltar a estudar no mesmo local e, por isso, decidiu ser transferido. Testemunhas disseram à polícia que o garoto foi ameaçado pelo colega, de 16 anos, que manuseava um revólver dentro da sala de aula. Para a direção da escola, o tiro foi acidental uma vez que os dois adolescentes eram amigos.
No dia do crime, a vítima relatou ao G1 que antes de ser baleada conversava com uma menina na sala de aula quando ouviu um barulho e sentiu uma ardência na cabeça. Ele foi socorrido por dois colegas e levado para o Pronto-Socorro de Cuiabá. O tiro não causou danos maiores à saúde dele porque o atingiu de raspão. O suspeito assim que atirou fugiu do local.
Ele só se apresentou à Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) dias depois do crime acompanhado do pai. À polícia, o suspeito disse que comprou o revólver há um ano. Ainda conforme ele, a família não sabia da existência da arma que ficava escondida no guarda-roupa do quarto dele. O adolescente disse ainda que, algumas vezes, andava armado, inclusive, quando se dirigia à escola. Ele também reiterou em depoimento ao delegado Paulo Araújo que no dia do fato estava brincando com a arma que disparou de forma acidental.
Investigação
O delegado Paulo Araújo, titular da DEA, informou ao G1 que ainda precisa ouvir mais testemunhas para encerrar o procedimento de ato infracional. Nesse intervalo, Araújo destacou que irá investigar a conduta da direção da escola, bem como da família do adolescente suspeito de atirar. Ambos podem ser responsabilizados criminalmente, caso for comprovado que sabiam da existência da arma que o adolescente portava.
O menor continua sob a guarda dos pais e poderá até cumprir medida socioeducativa, como pena pelos crimes de tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. A segurança no entorno da escola foi reforçada com patrulhamento constante da Polícia Militar. Mesmo assim, afirmou o diretor ao G1, os problemas continuam. “Tenho alunos que estão aproveitando um espaço em construção da escola que é mais escuro e distante para repassar drogas. Estamos enfrentando o problema de frente”, finalizou Martins.
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