Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, o país registrou cerca de 500 mil casos da doença entre janeiro e novembro deste ano, contra 750 mil no ano passado e quase 1 milhão em 2010.
“Fizemos uma análise bem detalhada dos casos graves e óbitos. Em 2010, tivemos 17.027 casos graves, que podem incluir febre hemorrágica e exigem hospitalização. Este ano, foram 3.774, uma diminuição de 78%”, disse.
Em relação ao número de mortes, houve uma redução de 62% de 2010 até agora, segundo Barbosa. “Elencamos algumas intervenções relativamente simples e possíveis de ser implementadas no Brasil inteiro, como as poltronas de hidratação, que tiveram um resultado bastante positivo”, afirmou.
Larvas do mosquito "Aedes aegypti" são recolhidas na cidade de Ribeirão Preto (SP) (Foto: Reprodução EPTV)
Porto Velho em alto risco
Atualmente, de acordo com o ministério, 5,7 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco de dengue – sem considerar as pessoas que já tiveram a doença e, portanto, estão imunizadas contra um ou mais dos quatro sorotipos diferentes.
Entre as capitais, Porto Velho é única com risco neste momento, o que, com a chegada do verão e do calor – principalmente entre janeiro e maio –, deve se estender para outras cidades grandes.
“A Região Norte tem uma situação de chuvas diferente do restante do país. Agora, lá já está em um momento preocupante”, apontou Barbosa.
As informações são baseadas no Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa), que pega amostras aleatórias durante uma semana nas casas das pessoas à procura de larvas do inseto transmissor da dengue. Os índices de infestação considerados ideais devem ficar abaixo de 1%; entre 1% e 3,9%, é sinal amarelo; e acima de quatro, vermelho, com risco de epidemia – como é o caso da capital de Rondônia.
No Sudeste, os municípios em risco são: São Mateus (ES), Governador Valadares (MG) e Jundiaí (SP). No Centro-Oeste, é a cidade de Tapurah (MT). No Sul, Foz do Iguaçu, Martelândia Santa Helena e São Miguel do Iguaçu, todas no Paraná. No Nordeste, não foram citadas cidades em risco superior a 4%.
“Chegamos a 1.239 municípios analisados este ano, o que permite identificar não só a cidade, mas o bairro onde o índice de infestação é maior, para que sejam feitas limpeza urbana e uma mobilização comunitária”, disse o secretário.
Com esse número de cidades envolvidas, houve um aumento de 31% no alcance, segundo o ministério, e agora a avaliação é feita em muitos locais três vezes por ano, e não apenas uma – o que dá uma visão da dengue em diferentes épocas do ano.
O próximo LIRAa deve ser realizado no primeiro trimestre de 2013 e contará com 43 mil aparelhos eletrônicos portáteis, que serão fornecidos por meio de uma parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Essa ferramenta útil, usada em tempo real, vai melhorar o trabalho de campo dos agentes em 51 municípios em um primeiro momento. Depois, poderá ser usado em todo o país. O sistema já foi testado em Magé (RJ)”, disse Barbosa. Com isso, os dados recolhidos nas casas vão na mesma hora para o banco de dados das secretarias da Saúde, que poderão fazer um maior controle das áreas de risco.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é muito comum mudar os focos dos mosquitos de um ano para o outro, tanto nos locais onde eles incidem quanto se são mais frequentes em vasos de plantas, ralos, utensílios domiciliares, caixas d’água, lixo, etc.
“Por isso, o LIRAa é uma fotografia, que se altera ao longo do ano e certamente será diferente daqui até a próxima versão, no início de 2013”, afirmou Padilha.
Outra ferramenta que está sendo usada pelo governo são as redes sociais. Em Maceió, por exemplo, duas semanas antes de os casos de dengue começarem a aparecer nos relatórios, apareceram registros das pessoas no Twitter, que se tornou uma forma de captar rumores e alertas os municípios sobre o que está acontecendo na região.
Vasos, água e lixo
Existe uma diferença entre os locais preferidos do mosquito da dengue de uma região para outra do país, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa.
“No Sudeste, o foco predominante são vasos de plantas e outros depósitos domiciliares. No Nordeste, é o armazenamento de água, em caixas, tonéis, barris. No Sul e no Centro-Oeste, é o lixo. Já no Norte, é tanto o armazenamento de água quanto o lixo”, apontou.
Segundo Barbosa, onde o problema é o lixo, precisa haver mutirões de retirada. Nos locais em que a questão é a água, devem ser feitas vistorias de caixa d’água, com tampas bem vedadas, e tratamento adequado.
Na campanha de conscientização, também serão veiculados vídeos na mídia sobre como combater a dengue. Uma das peças fala: “Encontre e elimine todos os lugares onde o mosquito da dengue pode se reproduzir. Dengue, é fácil combater, só não pode esquecer.” Outro vídeo diz: “Os casos de dengue estão diminuindo, mas não deixe a prevenção de lado. O SUS treinou milhares de agentes para ações de combate. Conte com a ajuda dos familiares e dos vizinhos.”
Transição de governos
De acordo com o ministro, as transições de governos municipais neste fim de ano não pode atrapalhar o combate à dengue.
“Reforçamos essa preocupação para que as ações de controle não sejam interrompidas no período de troca de governo e de transição das secretarias. Isso seria um ataque, um crime contra a saúde publica”, destacou.
Atualmente, o sorotipo 1 da dengue é responsável pelo maior número de casos, mas o tipo 4 é o que causa maior preocupação do ministério, pois está circulando em 15 estados – principalmente no Norte, Nordeste, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro – e pode se espalhar. Caso isso aconteça, as pessoas que já tiveram outros tipos de dengue poderão ser pacientes mais graves, já que, quanto maior a reincidência, maior o risco de complicações e morte.
Entre os sintomas clássicos da dengue, estão manchas vermelhas pelo corpo, dor no corpo, de cabeça e no fundo dos olhos, febre, náuseas, cansaço e falta de apetite. Ao primeiro sinal, beba muito líquido, não tome nenhum remédio por conta própria e procure um médico.
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