Pâmela mora com a mãe e a irmã em uma pequena casa no assentamento Eldorado, localizado na zona rural de Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. A família vive da renda das pequenas plantações e da criação de galinhas. “Meu sonho é ver a Pâmela formada. Essa vida na zona rural é muito difícil e por isso eu não quero que ela pare de estudar”, revelou ao G1 a mãe, Leide Oliveira Lima, de 45 anos, que também ajuda a filha a cuidar do neto.
A avó afirmou que o neto passou a ser o xodó da casa. “Ele é uma gracinha, trouxe alegria para a casa. Todo mundo que vem aqui quer pegar ele no colo", disse.
Estudante que deu à luz no Enem se prepara para nova chance de fazer provas (Foto: Tatiane Queiroz/ G1MS)
A estudante, que cursa o 3º ano do ensino médio em uma escola rural da região, ainda não decidiu qual carreira quer seguir. Ela disse que está dúvida entre medicina veterinária e jornalismo. “Estou bem confiante. Acho que fui bem no primeiro dia do Enem e estou me esforçando para aproveitar ao máximo essa nova chance de fazer as provas do segundo dia”, afirmou Pâmela.
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Em entrevista coletiva após o término do segundo dia de exames do Enem, o ministro Aloízio Mercadante relatou o caso da candidata sul-mato-grossense e anunciou que ela teria uma nova chance para fazer as provas nos dias 4 e 5 de dezembro. Estas são as datas em que o exame será aplicado nos presídios e unidades socioeducativas no país. Em São Paulo, quase 500 jovens da Fundação Casa estão inscritos para o exame.
Neste ano, Mercadante afirmou que "no máximo 400" candidatos do Enem de novembro poderão refazer a prova, por diversos motivos. Segundo o ministro, além de Pâmela, que é o caso mais emblemático, "alguns alunos que tiveram ocorrências desfavoráveis nesse Enem anterior" e, por isso, "vão ter a chance de fazer [uma segunda prova]". Ele afirmou que foram "poucas" as ocorrências durante o Enem que instaram o MEC a abrir essas exceções. "Tivemos no Acre uma escola dos sabatistas que à noite teve queda de energia, tivemos muito poucos estudantes com deficiência que receberam o ledor, mas não tinham a prova em braile no primeiro dia", disse.
Pâmela vai fazer as provas na escola estadual Olinda Brito de Souza, em Sidrolândia. Como a candidata chegou a fazer as provas do primeiro dia do exame, aplicadas no dia 3 de novembro, ela vai comparecer ao local apenas no dia 5 de dezembro, para fazer somente as provas que perdeu.
A jovem vai levar o pequeno Lucas para amamentá-lo durante a prova. A avó disse que não vai deixar a filha sozinha. “Vou cuidar do meu neto enquanto ela faz a prova, assim ela fica mais tranquila”, enfatizou.
O edital do exame prevê que, a participante que tiver necessidade de amamentar durante a realização das provas, deverá, obrigatoriamente, levar um acompanhante adulto que ficará em sala reservada e será responsável pela guarda da criança.
Parto no banheiro
Pâmela deu à luz no dia 4 de novembro, segundo dia do Enem, em uma escola estadual em Sidrolândia. Antes de entrar na sala para fazer o exame, começou a sentir fortes dores e pediu para ir ao banheiro. Lá, instintivamente, começou a fazer força até que sentiu a cabeça do bebê. Ela gritou por socorro e foi atendida por uma técnica de enfermagem, que a auxiliou no parto. A ambulância do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) chegou minutos depois e levou mãe e filho para o hospital da cidade.
De acordo com o Samu, a central foi acionada por volta das 11h40 (horário de MS) pelo diretor da escola. O bebê nasceu sadio, com 3,05 quilos. O pai é o namorado da jovem.
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