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Segunda - 03 de Dezembro de 2012 às 08:00

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Em Cuiabá, pelo menos 3 ocorrências de homicídio foram marcadas pela barbaridade
Em Cuiabá, pelo menos 3 ocorrências de homicídio foram marcadas pela barbaridade
Para quem acompanha à distância os casos de assassinato de mulheres, mortas exatamente por aqueles com os quais compartilharam suas maiores intimidades e de quem, em algum momento da vida, ouviu juras de amor, restam apenas perplexidade, indignação e muitos questionamentos.

O que passa pela cabeça de um homem que faz tamanha barbaridade contra a mulher que dizia amar? Quem teria coragem, ou seria covarde, não sei bem ao certo, ao ponto de matar uma criança, o próprio filho, para se vingar da ex-mulher? Será que é louco? Usava drogas?

Já a indignação pode ser manifestada em frases do tipo: não acredito que alguém que comete crimes cruéis assim seja um ser humano. Isso é coisa de animal.

Este ano, 31 mulheres foram vítimas de crimes passionais em Cuiabá e Várzea Grande, de acordo com dados da Segurança. Entre esses casos estão o de Sandra Baguetti, de 36 anos, e suas filhas, Elisa, de 14, e Karina, de 13, mortos a facadas; da estudante Ariele Lopes da Silva, 23 anos, e o filho de quatro anos, e de Admárcia Mônica Alves, de 43, e o neto.

Esses três casos têm em comum a vingança dos assassinos à decisão das ex-mulheres ou namoradas de não reatar o relacionamento. Também de um garoto de quatro anos, mortos por vingança porque a filha da vítima havia terminado o namoro.

Jorge Carlos da Silva, de 46 anos, matou Sandra com 57 facadas e em seguida fez o mesmo com as filhas dela. Geanderson Xavier Rangel, de 24 anos, matou Ariele o filho que tinha com ela para não pagar pensão. Já Carlos Henrique de Carvalho, 25 anos, matou a ex-sogra, Admárcia, e o filho da ex-namorada porque a “amada” não o queria mais.

Para a psicóloga Socorro de Maria Ribeiro de Andrade, especialista em Saúde Mental, diversos fatores poderiam explicar crimes dessa natureza. Além de questões culturais, éticas, existem diversos modos das pessoas vincularem-se, gostar e amar. As formas possessivas, dominadores, ciumentas, são as mais comuns.

Quando se fala em posse e dominação, observa Socorro Andrade, o sentimento pode não ser de amor, mas de paixão. E paixão, diz, tem duplo sentido. “Liga-se a palavra pathos, que ora vincula-se a afeto e ora vincula-se a doença”, assinala. “As paixões tendem a serem intensas, fortes, dominadoras da razão, instintivas e mobilizadoras de atos impulsivos, cega. Por isso compreendemos como crimes passionais”, completa.

Professora e coordenadora de estágios na Faculdade de Psicologia na Unic Cuiabá, lembra que o sujeito apaixonado tende a ser dominado pelo sentimento de “TER”, de posse do outro, e este outro não é visto como “SER” e sim como objeto de pertencimento. A paixão tem uma forte e próxima ligação com a sexualidade, é hormonal, químico, é uma questão de pele, como dizem as pessoas apaixonadas.

A pessoa apaixonada teme a todo o momento perder seu objeto de paixão, possibilidades que podem ser vivenciados por todos. O que diferencia a “paixão normal” de uma possível “paixão patológica”, diz, Talvez seja o “freio”, que pode vier de uma associação de fatores. Lei, ética, moral, códigos de regras aprendidas e apreendidas desde a infância, na família, na escola e nas relações sociais, que a ajudam a ponderar o sofrimento e organizar formas mais coerente, saudáveis e humanas de vincular-se, agir e comportar-se.

Personalidade, caráter e temperamento também devem ser considerados nos crimes passionais. Ela explica que a psicologia, a psicopatologia e a psiquiatria referem-se a personalidades perversas ou psicopatas a determinados tipos de pessoa que tem uma tendência a não se vincular de maneira afetiva saudável com ninguém e tem uma ausência de valores morais e éticos. Talvez esses fatores nos ajudem a compreender o tipo de alguns crimes, não generalizando para todos. 

 





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