Rosemary e Paulo foram afastados de suas funções logo após a Operação Porto Seguro por suspeita de integrar um esquema de fraude de pareceres técnicos de órgãos públicos com a finalidade de beneficiar empresas privadas.
Os documentos mostram que Rosemary usava um Mitsubishi Pajero de uma funcionária de Paulo Vieira, como mostrou o jornal Estado de São Paulo na edição de domingo (2). Em 12 de março de 2010, Paulo recebe um e-mail com um cartão provisório do seguro do carro, que naquela época era zero quilômetro. A titular do cartão era Patrícia Baptistella.
No fim do ano, Paulo envia um e-mail para Patrícia com a seguinte mensagem: “Peço-lhe, a partir do documento anexo, levantar os débitos do carro e promover o pagamento”. No mesmo dia, Patrícia responde: “Paulo, segue em anexo o levantamento do IPVA mais multa. Farei o pagamento hoje. Me envie o documento de transferência para poder assinar e reconhecer assinatura, para fazer a transferência urgente, pois a multa vai para a minha carteira”.
A multa à qual ela faz referência foi registrada em abril de 2010, em uma rua da capital paulista, próxima do edifício onde mora a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, o que para a polícia seria um forte indício de que quem utilizava o veículo era a própria Rosemary.
Os relatórios da Polícia Federal traz um e-mail de maio de 2011 em que Rosemary pede dinheiro para pagar móveis da filha. “Conforme combinado, comprei o sofá e a estante para Mirelle. Ficou tudo em R$ 5 mil. Você pode fazer o depósito?”. Na mesma mensagem, ela cobra Paulo: “Você renovou o seguro? Quando pretende passar o carro para o meu nome?”. Em abril deste ano, a Polícia Federal voltou a consultar os documentos do carro, que já estava em nome de Rosemary.
Procurado pela reportagem, Paulo Vieira informou que não houve qualquer irregularidade na cessão do carro. O advogado de Rosemary Noronha disse que estava transferindo o caso para outro advogado e, por isso, não poderia se manifestar. Patrícia Baptistella não foi encontrada para comentar o assunto.
Paulo Vieira chegou a ser detido durante a operação, mas foi solto na sexta-feira (30) após decisão da Justiça. Na próxima quarta-feira (5), os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) irão ao Senado para explicar providências tomadas após a deflagração da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que investiga o suposto esquema de fraude.
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