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Internacional
Domingo - 09 de Dezembro de 2012 às 22:40

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A capital da Síria, Damasco, vive dividida em duas. Uma parte é o centro, onde fica um dos locais mais interessantes do mundo - a murada Cidade Antiga de Damasco. Ela abriga a mesquita de Umayyad, de 1.400 anos, e várias camadas de história, com colunas romanas sustentando as arcadas do mercado central e pessoas ainda vivendo e trabalhando na rua Direita, onde a Bíblia diz que são Paulo ficou após ficar cego no caminho de Damasco. A outra Damasco está nos subúrbios modernos. Rebeldes armados controlam grandes parcelas deles, apesar de também serem cercados pelas forças do regime do presidente Bashar al-Assad. Na última semana, os subúrbios foram atingidos por artilharia pesada. Os subúrbios de Damasco são selvas de concreto, expandidas caoticamente, para as pessoas pobres que migraram para a capital procurando trabalho, quando a vida no campo se tornou difícil demais.
 
Uma das razões para que tantas pessoas decidissem que estavam preparadas para arriscar a morte para se opor a Assad foram as consequências da pior seca na história registrada da Síria, entre 2006 e 2011. De acordo com a ONU, a seca eliminou os meios de sobrevivência de 800 mil sírios. No nordeste do país, 85% dos animais de criação morreram. O regime tornou as coisas piores ao subsidiar os grandes proprietários de terra que cultivavam plantações que necessitam de muita água, como o algodão e o trigo. O nordeste da Síria é agora um dos principais bastiões rebeldes. Em Damasco, alguns dos homens que levantam armas contra o presidente trabalharam no campo no passado. Os pobres queimavam de ódio, sem poder e desesperados para mudar a situação. Até um mês atrás, a guerra na Síria parecia estar em um impasse. Nenhum dos dois lados parecia poder derrotar o outro. Agora isso não parece mais ser o caso, porque os rebeldes armados intensificaram suas operações em Damasco.

Centro cercado No começo do ano, os rebeldes armados estavam apenas aparecendo pela primeira vez nos subúrbios da capital. Mas desde então, pouco a pouco, os rebeldes foram ganhando força. Damasco não está prestes a cair, como gostariam alguns grupos, mas o centro - o polo do regime - começa a se sentir sob pressão, cercado. Esse não é exatamente o caso. O regime ainda controla a maior parte dos acessos para dentro e para fora. Mas as zonas de segurança para manter os rebeldes longe cercam os prédios do governo e as sedes militares. A fachada do quartel-general do chefe de gabinete foi destruída em uma explosão. Os caminhos para os subúrbios são fechados por bloqueios, e os habitantes de Damasco reclamam do terrível tráfego gerado pelo fechamento de várias ruas por razões de segurança. E para completar, há os bombardeios. Eles vêm do centro para os subúrbios, então não estão caindo próximos aos prédios do governo, mas o ruído dos disparos já fazem parte da trilha sonora da cidade, o que não pode ser considerado normal.

Desafios Enviados da ONU têm o desafio diplomático hercúleo de buscar um acordo político para encerrar a guerra civil. Para o diplomata canadense-marroquino Mokhtar Lamani, que acompanha o enviado da ONU à Síria, Lakhdar Brahimi, a alternativa a um acordo é um "Estado falido", controlado por senhores de guerra como a Somália. Segundo ele, porém, na Síria a situação seria ainda pior, porque a Somália já era relativamente isolada, enquanto a Síria é intimamente conectada com seus vizinhos por laços familiares, religiosos e étnicos. O país está em uma posição chave na parte mais frágil e politicamente congestionada do Oriente Médio. Nesta semana, ao menos uma dezena de pessoas morreram na cidade libanesa de Trípoli durante confrontos entre facções que apoiam lados opostos na guerra civil da Síria. Outros vizinhos da Síria - Iraque, Turquia, Jordânia e Israel - já podem sentir a pressão aumentando ao lado de suas fronteiras. O que está em jogo não poderia ser mais importante. E as perspectivas não poderiam ser piores.





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