Neste domingo, a Assembleia Nacional da Venezuela também autorizou por unanimidade a ida do presidente a Cuba, onde será submetido a uma quarta cirurgia. Desde junho de 2011, quando a doença foi diagnosticada, Chávez já passou pela sala de cirurgia em três ocasiões, todas em Cuba.
O plenário do Legislativo foi convocado de maneira extraordinária depois que o governante, de 58 anos, anunciasse ontem à noite em cadeia nacional de rádio e televisão que o câncer voltou a reaparecer e, por isso, requeria urgentemente de uma quarta intervenção cirúrgica.
Sem ter apresentado mais detalhes sobre sua doença, da qual se sabe que está situada na região pélvica, mas não sobre seu tipo e localização exata, Chávez mencionou pela primeira vez um risco de morte ou outra inabilitação e nomeou o vice-presidente e chanceler, Nicolás Maduro, como seu sucessor.
Os deputados da oposição expressaram hoje na Assembleia palavras de apoio ao presidente, embora o deputado do Primeiro Justiça (PJ) Julio Borges aproveitou para colocar algumas objeções na forma como o assunto foi manejado por parte do Governo.
"Este tema da doença do presidente não foi manejado com a transparência e a verdade que nosso povo merece. Esses fatos são do tipo de coisa que, em um país democrático, precisam ser discutidos para encontrar saídas à crise que está se formando", assinalou.
"O presidente tem todo o direito de se curar, mas a Venezuela tem todo o direito de saber a verdade", ressaltou Borges.
Os deputados governistas puseram em dúvida as palavras de solidariedade de seus colegas antichavistas, a alguns dos quais chegaram a ser chamados de "abutres".
"Não sei por que não lhe acho", disse o presidente da AD, o governista Diosdado Cabello, ao deputado do PJ.
O líder opositor venezuelano Henrique Capriles, ex-candidato à Presidência, também manifestou sua solidariedade a Chávez e afirmou que ele não está tirando proveito da situação gerada.
"Esperamos que Deus o abençoe e que Nossa Senhora o cubra com seu manto. As lutas políticas são distintas ao que corresponde à parte do ser humano (...) Nós, os venezuelanos, nos caracterizamos por sermos profundamente solidários", assinalou o líder opositor em declarações aos jornalistas.
Além de anunciar o reaparecimento do câncer, Chávez, de 58 anos, também abordou na noite de ontem a possibilidade de novas eleições.
"Eu não estou tomando conta e nem estamos ali brincando com o que essas mentes, que eu sei perfeitamente quais são, gostariam que nós estivéssemos brincando", declarou Capriles ao ser consultado por jornalistas sobre suas aspirações a uma nova candidatura presidencial.
Assim como Capriles, outros líderes da oposição também exaltaram a necessidade de se atuar com cautela e afirmaram que, ao mesmo tempo, é preciso se mostrar como uma alternativa de poder.
Longe da troca de farpas entre os políticos, milhares de pessoas, que foram às ruas com bandeiras, bonés e toda a simbologia característica dos chavistas, não podiam esconder o sentimento de dúvida que surgiu no país após a notícia anunciada por Chávez.
Luis Murray, um professor de 56 anos, afirmou, no entanto, que o anúncio dá um "impulso adicional" aos seguidores de Chávez para os mesmos seguirem "lutando e se aprofundando" no processo revolucionário.
"Eu fiquei chocado e, emocionalmente, abalado, mas também fiz um apelo: se nós já estamos 14 anos transitando um processo de mudança revolucionária (...), temos que estar preparados para qualquer mudança e demonstrar que acreditamos na ideia pela qual estamos trabalhando", declarou Murray à Agência Efe.
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