Mais uma vez os produtos ligados ao setor agro puxaram a alta nos negócios. Destaque para a soja (exceto para semeadura), bagaços e outros resíduos oriundos da extração do óleo, milho em grão, algodão e carnes de bovino, que ocuparam as cinco primeiras posições do ranking no intervalo analisado.
Soja no Porto de Paranaguá (Foto: Divulgação/Appa)
Em termos numéricos, o estado enviou aos seus clientes de vários cantos do mundo US$ 5,4 bilhões em soja. As operações com a oleaginosa representaram 42,29% de todas as movimentações realizadas até o último mês. Já a venda de bagaços e outros resíduos, 15,95% de participação, superaram US$ 2 bilhões e cresceram 34,64% ante a 2011.
Já os embarques de milho, que se tornaram 29,55% maiores neste ano, já somam US$ 2,020 bilhões, representando 15,67% de participação. De algodão e carnes, na sequência, foram US$ 947,4 milhões e US$ 630,7 milhões.
Absoluta, a China mantém-se como o principal destino das exportações mato-grossenses. Importou 32,80% de tudo o que o estado ofereceu, adquirindo US$ 4,2 bilhões em produtos.
Mas mesmo com um mercado consolidado a dependência em torno de um único cliente pode oferecer "perigo" ao estado, lembra o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan. "Quanto mais compradores temos maior é a nossa base dos clientes e corre-se menos riscos, pois qualquer crise nas exportações afetaria o estado inteiro. É ir em busca de novos mercados", frisa.
Enquanto a China abocanhou mais de 30% do volume oferecido por Mato Grosso, os demais 29 principais países e blocos econômicos de destino das exportações estaduais registram participações que oscilaram entre 0,52% a 8,98% sobre as vendas totais.
Industrialização da matéria prima exportada ainda é desafio, considera ainda Milan. Isto porque a maior parte dos bens encontra-se em fase primária e que lá fora será processada, retornando posteriormente ao estado na forma agregada.
"Nosso grande problema é logística e o frete inibe a industrialização. No momento em que levarmos nossos produtos em direção aos portos do norte temos certeza que a industrialização terá a ser maior", ponderou o presidente da Fiemt.
O desempenho de 2012, até o mês de novembro, deixa Mato Grosso como sétimo exportador brasileiro. A soja representa 65% da balança comercial estadual.
Dois fatores
Para o secretário de Indústria e Comércio de Mato Grosso, Pedro Nadaf, os ganhos com a exportação mato-grossense podem representar dois cenários opostos: um positivo e outro negativo.
"Positivo porque ano a ano aumentamos nossa produção", disse em alusão ao desempenho da safra agrícola. Mas na outra ponta, com mais exportações, maior é a demanda por investimentos, que em muitas vezes não é acompanhada pelo Estado, já que o Poder Executivo estadual não mais arrecada impostos sobre aqueles produtos destinados ao exterior, reflexo da Lei Kandir.
"Aumenta a demanda da sociedade por logística, segurança, educação, saneamento e uma política de estrutura para os municípios que crescem e o governo não recebe nada de imposto para atender essa demanda", considerou Nadaf.
A Lei Kandir - que desde 13 de setembro de 1996 está em vigor - isentou a cobrança de ICMS sobre os produtos e serviços destinados à exportação (produtos primários e semielaborados).
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