O G1 entrou em contato com a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, que integram a força-tarefa, e as instituições informaram que não têm conhecimento sobre o conflito com os não índios e que a comunicação é feita somente pelos agentes que estão no local. A equipe ligou várias vezes neste domingo para o Departamento da Força Nacional de Segurança Pública, ligada ao Ministério da Justiça e responsável pela operação, mas ninguém atendeu.
Segundo a moradora, as bombas começaram a ser jogadas por volta das 5h de hoje. "Saí para conversar com uma vizinha para ver o que estava acontecendo e eles soltaram umas três bombas perto de nós", disse, sobre a ação de desocupação realizada por agentes da Força Nacional de segurança. Ela contou que, além das bombas, os agentes estão usando spray de pimenta para evitar agrupamento de pessoas. "Onde tem três ou mais pessoas eles jogam spray de pimenta para que não fiquem unidas", alegou. No entanto, não há informações sobre feridos,
O presidente da Associação de Produtores da Gleba Suiá Missú, Renato Teodoro Teixeira, afirmou que há muitas viaturas das instituições de segurança no local e os moradores estão assustados. "É um terrorismo. Soltaram várias bombas em cima das casas, comércios, inclusive em uma padaria", frisou.
Alegando preocupação com a situação dos produtores, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, disse ter pedido ajuda ao governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, para que tome providências e intermediar conversa com a presidência da República. "Os produtores estão desesperados e já entraram em contato comigo pedindo socorro", disse.
Moradora da comunidade, a vereadora e vice-prefeita eleita de Alto Boa Vista, Irene Maria Rocha Santos, afirmou que as famílias estão sem alimentos e impedidos de saírem das casas. "Não iremos resistir, mas precisamos saber para onde seremos levados", frisou.
Mesmo caminhão da Funasa antes de ter sido
incendiado (Foto: Rogério Freitas)
Na sexta-feira (28), um caminhão da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) foi incendiado pelos produtores. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), o veículo era usado para o transporte de cestas básicas para uma aldeia indígena da região. Após o ato de vandalismo, informou a fundação, os alimentos foram roubados. Não houve registros de feridos durante a ação.
Desde o último dia 10 deste mês, uma força tarefa atua no cumprimento dos mandados de desocupação, entre oficiais de justiça, equipes da Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Exército, além de representantes do governo federal. Desde então vem ocorrendo vários conflitos entre os não índios e policiais.
Contrários à desocupação, os moradores bloquearam vários trechos da BR-158 e MT-242 e impediram o tráfego de veículos, causando congestionamento quilométrico nas rodovias. As rodovias são as principais rotas de ligação com os municípios de Alto Boa Vista, Confresa e Porto Alegre do Norte.
A área em disputa tem uma extensão de aproximadamente 165 mil hectares. De acordo com a Funai, o povo xavante ocupa a área Marãiwatsédé desde a década de 1960. Nesta época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos, segundo o órgão.
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