As declarações foram feitas em um ato com seguidores chavistas do lado de fora da Assembleia Nacional Venezuelana, após a reeleição do presidente do órgão legislativo, Diosdado Cabello, aliado de Chávez e atual número dois do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), ao qual pertence o presidente.
O vice-presidente Nicolas Maduro, em aparição realizada no mês de dezembro de 2012 (Foto: Reuters)
"Nos próximos dias continuaremos informando as condições e a evolução da recuperação do quadro respiratório de nosso comandante. Vocês sabem que estes tratamentos demandam tranquilidade e nós estamos tranquilos. Pedimos ao povo que tenha calma, confiança, segurança e serenidade", disse Maduro.
Segundo o último boletim de saúde de Chávez, ele apresenta quadro de insuficiência respiratória como consequência de uma severa infecção pulmonar.
Manifestantes em frente à Assembleia Nacional, em
Caracas, neste sábado (5), dão apoio à melhora de
Chávez (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Força extraordinária
Mais cedo, o ministro venezuelano das Comunicações, Ernesto Villegas, afirmou que o presidente do país enfrenta o tratamento médico com "força extraordinária, tanto espiritual quanto física". As declarações foram dadas para a agência oficial de notícias da Venezuela, a AVN, ligada ao governo.
"O presidente Chávez está enfrentando a situação com uma força extraordinária, física e espiritual", disse Villegas. "Estamos seguros de que o presidente venceu muitas batalhas e que ressurgiu quando ninguém apostava em seu futuro, o mesmo Chávez que ressurgirá desta nova circunstância da vida que está atravessando", afirmou.
Reeleição
Cabello, de 49 anos, presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, foi reeleito para o cargo neste sábado à tarde. A sessão ocorreu em meio a yn debate agitado entre o governo e a oposição sobre a posse de Chávez, prevista para quinta-feira (10). Ele está hospitalizado em Cuba, em estado grave.
Diosdado Cabello em sessão da Assembleia Nacional Venezuelana, neste sábado (Foto: Juan Barreto/AFP)
Com as mãos levantadas, os membros da assembleia confirmaram Cabello no cargo, em uma demonstração de união do chavismo em meio a boatos de uma disputa interna de poder.
"Maioria evidente, aprovado", disse o próprio Cabello após submeter sua candidatura à votação na Assembleia Nacional (unicameral), na qual o governista PSUV detém a maioria.
"Jamais enganaremos o povo e lutaremos unidos para defender a proposta feita pelo comandante Chávez, eu juro", declarou, minutos depois, o presidente do Parlamento reeleito em seu juramento.
A votação ocorreu na presença do vice-presidente, Maduro, do ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, e da Economia, Jorge Giordani, entre outros membros do governo.
Além de Cabello, foi eleito o conjunto da mesa diretora da Assembleia Nacional, integrada por dois vice-presidentes e outros dois secretários, todos membros do PSUV.
A oposição criticou a falta de "pluralidade" no momento de incerteza política que o país atravessa. Neste sábado, o governo convocou partidários a protestarem em frente à sede do Parlamento (unicameral) para evitar, segundo Cabello, que a oposição utilize a sessão para "conspirar contra o povo".
Chávez, de 58 anos, sofre uma insuficiência respiratória causada por uma severa infecção pulmonar, mais de três semanas depois de ter sido operado para a retirada de um câncer.
O governo sustenta que o juramento de Chávez, previsto pela Constituição para o dia 10 de janeiro perante a Assembleia Nacional, é uma mera formalidade, e que o próprio texto prevê que, em caso de impossibilidade, o presidente pode fazê-lo perante o Supremo Tribunal de Justiça, sem fixar uma data.
A oposição insiste que, se o chefe de Estado não puder tomar posse, o presidente da Assembleia Nacional deverá fazê-lo de forma temporária.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em foto
de outubro de 2012 (Foto: AP)
Segundo a oposição, no dia 10 de janeiro termina o mandato de Chávez e de todo o seu gabinete. Assim, se não assumir a presidência para o seu terceiro mandato, deverá ser declarada a "falta temporária" do chefe de Estado.
O debate constitucional ocorre no âmbito de uma forte comoção dos seguidores de Chávez por seu grave estado de saúde, e de acusações, por parte do governo, de que a oposição estaria tramando um "golpe de Estado" para tirar o presidente do poder.
Centenas de pessoas vestidas com as tradicionais camisas vermelhas estavam concentradas na manhã deste sábado em frente à Assembleia Nacional, no centro histórico de Caracas, para apoiar o presidente.
"E voltará, e voltará, o comandante voltará. Chávez, te amamos e aqui te esperamos", gritavam os simpatizantes do presidente.
Os deputados da oposição, 40% do total, sofrem a acusação, lançada na sexta-feira à noite pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, de que tentam um golpe contra o presidente, e de estarem na origem de rumores sobre sua saúde.
Chávez, hospitalizado desde 11 de dezembro em Cuba, depois de passar pela quarta cirurgia contra um câncer, estabeleceu que, caso fique incapacitado de exercer a presidência, quem deve assumir interinamente é Maduro - de 50 anos, e também chanceler - apontando-o como candidato do PSUV à presidência caso seja preciso convocar eleições.
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