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Polícia
Domingo - 06 de Janeiro de 2013 às 21:13

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Considerado um crime hediondo, o sequestro de pessoas é cometido na maioria das vezes com a intenção de obter vantagem, em dinheiro, bens materiais, fim passional ou mesmo utilizar como moeda de troca, no caso da libertação de presos. Nos últimos dois anos, a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Judiciária Civil, investigou três casos de sequestros, um no ano de 2011 e dois em 2012.

Para o delegado chefe do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, a média de sequestros em Mato Grosso é dois a cada ano. “O sequestro é um crime muito complexo para ser executado. A quadrilha tem que ser muito organizada. Tem que ter um cativeiro em local apropriado, pessoas que se passem despercebidas ali por algum tempo e mantenha uma vida estável por alguns dias. Tem que conhecer a rotina do refém e tudo isso gera custo”, explica.

Um dos casos solucionados com sucesso pelo GCCO ocorreu no dia 25 julho de 2011, no município de Vila Bela da Santíssima Trindade (521 km a Oeste). Na manhã de domingo, cinco pessoas invadiram uma fazenda, a 28 quilômetros da cidade, renderam a família, pai, mãe e o filho do casal. Em seguida, exigiram tudo o que se encontrava no cofre. Sem êxito na ação, os acusados sequestraram o filho do proprietário, a época com 36 anos. O grupo passou a exigir do pai da vítima R$ 300 mil em troca do filho.

A família com medo de represália chegou a sacar R$ 150 mil e só comunicou a polícia no início da noite do dia 26 de julho. Três dias depois policiais civis da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) resgataram a vítima em um cativeiro na própria fazenda e prendeu seis pessoas em flagrante, no sequestro que teve a participação de sete pessoas. Entre os presos estava a então vereadora de Vila Bela, Janine Elizabeth F. Veloso Silva e o seu namorado, Valmor Santos da Silva, acusado de ser o mentor do crime.

Com passagens pela polícia por roubo e receptação, Valmor Santos da Silva, nasceu e cresceu na fazenda da vítima. O caso foi solucionado com apoio da Delegacia da Polícia Civil de Vila Bela, sem o pagamento do resgate.

O delegado Flávio Henrique Stringueta conta que duas equipes foram deslocadas para a região e passaram a monitorar todos os possíveis suspeitos até a descoberta dos executores, uma vereadora da cidade e seu namorado. Segundo ele, pistas e boatos na cidade levaram a identificação dos sequestradores. “A Polícia Civil de Vila Bela foi crucial nesse crime. Se a gente não estivesse ligada com eles tinha demorado mais para resolver o caso. Contamos sempre com o apoio das unidades do interior”, destaca.

Com fim trágico, o sequestro de um fazendeiro, do filho dele e dois funcionários, no município de Novo Mundo (785 km ao Norte), foi esclarecido com a prisão de três pessoas, em 22 de agosto de 2012. Todas as vítimas foram mortas no mesmo dia do sequestro, na noite de 17 de agosto, na Fazenda Lima, em Novo Mundo, de propriedade de uma das vítimas. Um dos funcionários foi morto ainda no local, com um tiro nas costas e outro na cabeça, ao tentar fugir dos sequestradores.

As outras três vítimas desaparecidas tiveram os corpos localizados em uma fazenda abandonada, a dois quilômetros de mata fechada, local supostamente usado como cativeiro. As vítimas foram assassinadas com um tiro na nuca e estavam com as mãos amarradas para trás.

Com característica de cobrança de dividas, o crime só passou a ser tratado como sequestro depois do primeiro contato, via mensagem de celular, logo descartada pela polícia, pois a namorada do filho do fazendeiro não reconheceu a forma de escrever, com abreviaturas e gírias, como sendo do rapaz. A mensagem dizia que “estavam bem e que era para tirar toda a polícia da situação”.

No quarto dia, houve o primeiro contato dos criminosos, mas sem pedido de resgate. No dia seguinte, eles pediram a quantia exorbitante de R$ 6 milhões pela vida das vítimas. “Fomos para lá e na noite estava praticamente solucionado o caso. Três presos, sendo um o filho do vereador cidade e outros dois amigos dele”, contou o delegado Flávio Stringueta. “Eles achavam que a mulher tinha recebido uma herança de R$ 6 milhões. Só que recebeu em bens e não em dinheiro”, completou.

O terceiro caso de sequestro ocorreu na cidade de Matupá (695 km ao Norte), na noite de 22 de outubro, e foi esclarecido três dias depois com a identificação e prisão dos envolvidos. Um jovem de 23 anos teve a casa invadida por dois assaltantes que após vasculharem o imóvel atrás de joias e objetos de valor, resolveram sequestrar o rapaz, mantido por cinco horas em poder dos sequestradores. A vítima revelou que ficou amarrado em uma árvore até o pagamento do resgate de R$ 30 mil. Depois, tirou a venda dos olhos e se desvencilhou das amarras dos pés e das mãos e pediu socorro.

Ao todo, cinco pessoas foram presas e indiciadas por nos crimes de roubo majorado seguido de extorsão mediante sequestro. As investigações foram conduzidas pelo delegado Geraldo Gezoni Filho, na época titular da Delegacia da Polícia Civil de Matupá, com apoio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Delegacia de Lucas do Rio Verde.

De acordo com o delegado Flávio Stringueta, em uma investigação de sequestro, o caso passa de tenso a emocionante rapidamente. “A gente começa sempre perdendo. Quando o jogo vira, você fica com toda a ação em sua mão e passa a ter o controle. Aí começa outro tipo de conflito. É a vida das pessoas que estão em jogo. Então, você precisa analisar como por em prática o seu operacional, para que não haja perda de vida”, detalha.

O crime de extorsão mediante sequestro é punido com pena de reclusão de 8 a 15 anos. Com resultado morte a pena pode chegar até 30 anos.

 






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