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Nacional
Quarta - 09 de Janeiro de 2013 às 14:46

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Fabiana Caggiano era campeã de fisioculturismo (Foto: Reprodução/Facebook)

Fabiana Caggiano era campeã de fisioculturismo
(Foto: Reprodução/Facebook)

Parte dos órgãos da fisioculturista paulista Fabiana Caggiano Paes, de 36 anos, morta em Natal no último dia 2, passa por dois trabalhos periciais distintos e que poderão contribiur para o detalhamento das circunstâncias que a levaram à morte. O fígado e os pulmões dela foram extraídos durante o exame necroscópico realizado pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep/RN), de acordo com o médico legista Manoel Marques, coordenador de Medicina Legal. O fígado permaneceu no Instituto para análise químico-toxicológica e os pulmões foram encaminhados ao Hospital Giselda Trigueiro, onde passam por procedimentos de estudos patológicos.

Além dos exames de visualização externa dos órgãos extraídos, uma análise interna dos pulmões e fígado será feita a partir de microcortes cistológicos e aplicação de corantes. De acordo com o bioquímico Fabrício Fernandes, que é perito do Itep, o fígado de Fabiana passa por uma análise bioquímica que consiste num processo de extração de partes do órgão para pesquisa de presença de psicofármacos (drogas sedativas e alucinógenas) e inseticidas de venenos (agentes que alteram ou destroem funções vitais). 

A partir da extração, os pedaços do órgão passarão pelo processo de cromatografia (dosagem e identificação de substâncias) em camadas delgadas. "Com esse exame é possível identificar a ingestão de drogas diversas e qual o tipo de alucinógeno presente na substância", detalhou Fabrício Fernandes. Ainda de acordo com o perito, o processo demora entre 10 e 30 dias, dependendo do perfil de perícia solicitado. No caso do órgão de Fabiana Caggiano, a análise em curso é a mais complexa, devido aos questionamentos periciais que envolvem a morte da atleta.

No caso dos pulmões, que foram levados para o Hospital Giselda Trigueiro para serem periciados por um toxicologista, será realizada uma análise anatômica e patológica do órgão. Conforme detalhado por Fabrício Fernandes, os pulmões foram colocados em formol para serem conservados por um período maior de tempo. Em seguida, serão realizados microcortes cistológicos e cloração de parte delas para que sejam submetidas à análise microscópica. "Esta análise confunde-se com uma biópsia. Ela identifica problemas no órgão, lesões diversas e pode contribuir para a definição da causa mortis", comentou o perito. Este procedimento, diferente do anterior, leva entre 7 e 10 dias para ficar pronto.

Delegado Frank Albuquerque (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Delegado Frank Albuquerque
(Foto: Anderson Barbosa/G1)

O delegado Frank Albuquerque, que investiga a morte de Fabiana Caggiano, deve ir ao Sudeste para ouvir duas testemunhas. De acordo com ele, duas pessoas que residem em São Paulo estavam hospedadas no mesmo hotel em que Fabiana ficou com parentes e o marido, o empresário Alexandre Paes.

Ainda segundo o delegado, a viagem a São Paulo ainda não tem data para ocorrer, mas deve ser em breve.  "Estou apenas aguardando a polícia paulista localizar os endereços dessas duas pessoas e intimá-las para marcar minha ida", afirmou Albuquerque.

Testemunha-chave

Ele confirmou ter ouvido o marido tentando reanimar a esposa, dizendo "respira, respira... acorda, acorda, acorda", disse a testemunha"
Delegado
Frank Albuquerque

O delegado Frank Albuquerque contou ao G1 que ouviu, no início da semana, o homem que ocupou o apartamento vizinho ao quarto 505 do Hotel Arituba, onde estiveram hospedados Fabiana e o marido dela, o empresário paulista Alexandre Furtado Paes. Segundo o delegado, o interrogatório do hóspede, considerado testemunha-chave na investigação, aconteceu em Pernambuco. “Ele confirmou ter ouvido o marido tentando reanimar a esposa, dizendo "respira, respira, acorda, acorda, acorda", mas negou ter ouvido gritos ou qualquer som que indicasse uma briga, discussão ou luta corporal entre o casal”, revelou o delegado.

Ainda segundo Frank, o testemunho do hóspede contraria o depoimento prestado por uma funcionária do hotel, que afirmou ter conversado com o pernambucano, ocasião em que este teria dito a ela ter ouvido sons de uma suposta briga envolvendo o casal na manhã do dia 27, momento em que Alexandre afirma que Fabiana sofreu uma queda no banheiro e desmaiou sem motivo aparente. “Não posso concluir nada com este depoimento do hóspede. O interroguei e ele contou que só deu pra ouvir o marido tentando reanimar a Fabiana. Depois, ele disse que ouviu o barulho do box do banheiro quebrando e também escutou Alexandre pedindo socorro”, revelou om delegado, sem dar mais detalhes do depoimento.

Entenda o caso

Foi na manhã de 27 de dezembro, por volta das 7h20, que Fabiana foi socorrida ao hospital. Segundo o empresário Alexandre Paes, a mulher estava tomando banho quando ela teria sofrido uma queda repentina. O Samu foi acionado e já encontrou a paulista desacordada. No dia 2 de janeiro, no entanto, a fisioculturista morreu. Familiares disseram que ela, enquanto esteve internada na UTI do hospital, permaneceu todo o tempo em coma induzido.

Em razão da suposta queda, o corpo de Fabiana foi removido para autópsia no Instituto Técnico-Científico de Polícia do RN (Itep). Laudos preliminares, no entanto, revelaram que a vítima sofreu asfixia mecânica, com características de estrangulamento. O caso tornou-se público por meio da própria Polícia Civil, que convocou a imprensa para informar o acontecido. Desde então, o delegado Frank Albuquerque trabalha para descobrir o que motivou a morte da paulista.

Os exames definitivos ainda não ficaram prontos. Para esclarecer se a paulista morreu de causas naturais ou se foi assassinada, o delegado aguarda pela conclusão de alguns laudos complementares.

“Os depoimentos são importantes, mas somente com os laudos em mãos poderemos esclarecer, de fato, o que realmente causou a morte da Fabiana"
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Em entrevista ao G1, Frank Albuquerque contou que exames toxicológicos poderão indicar se Fabiana foi dopada, envenenada ou se fez uso de alguma sustância química e/ou entorpecentes. “Também estou aguardando o resultado dos exames feitos com luminol, realizados no quarto do hotel onde o casal ficou hospedado”, acrescentou.

Ainda segundo o delegado, o luminol é um produto que reage em contato com os glóbulos vermelhos e pode apontar para a existência de qualquer resquício de sangue existente nos ambientes do apartamento, o que evidenciaria uma possível luta corporal dentro do quarto.

Os laudos complementares devem ficar prontos nos próximos dias. Em razão do clamor e da repercussão nacional do caso, o delegado geral da Polícia Civil potiguar solicitou prioridade à direção do Itep. “Os depoimentos são importantes, mas somente com os laudos em mãos poderemos esclarecer, de fato, o que realmente causou a morte da Fabiana. Se ficar comprovado que ela foi mesmo assassinada, o Alexandre será indiciado por homicídio”, disse o delegado Frank Albuquerque.

Contradições

Em dois depoimentos prestados ao delegado, Alexandre também sustenta a versão de que a mulher sofreu um desmaio e caiu enquanto tomava banho. Abaixo, trecho do segundo depoimento do marido, prestado no último dia 3, momento antes dele embarcar para São Paulo:

Trecho do último depoimento de Alexandre à polícia (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Trecho do último depoimento de Alexandre à polícia (Foto: Anderson Barbosa/G1)

No entanto, também em depoimento, cujo conteúdo o G1 também teve acesso com exclusividade, uma testemunha ouvida pelo delegado declarou o contrário. Veja:

Depoimento de testemunha do caso Fabiana Caggiano (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Depoimento de testemunha do caso Fabiana Caggiano (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Com as contradições dos depoimentos, o delegado disse que está convencido de que Alexandre mentiu à polícia. “Ele afirmou, nas duas vezes que eu o interroguei, que Fabiana tinha desmaiado enquanto tomava banho. E isso não é verdade. Cinco testemunhas foram ouvidas, entre funcionários do hotel e socorristas do Samu, e todas afirmam que o banheiro do quarto estava seco. Não havia uma gota d"água no chão e nem no corpo da mulher”, disse Frank.

O outro lado

“Tudo não passa de um erro”. A frase, obtida com exclusividade pelo G1, foi dita pelo empresário paulista Alexandre Furtado Paes. Ele se referiu às suspeitas de que a mulher, Fabiana  Caggiano Paes, morreu vítima de sufocamento. O casal natural de Osasco, na Grande São Paulo, estava na capital potiguar desde a terça (25), passando uma semana de férias com a família.

“Ela teve 20 paradas cardíacas. Os médicos do Samu tentaram reanimá-la e não conseguiram. Como isso pode ter  ligação com um sufocamento? Esse laudo está errado. Eu vou pedir outro em São Paulo. Irei acompanhar isso com o suporte de um advogado. Estou muito abalado. Gostaria de falar mais sobre isso, mas o meu coração pede que não. Queremos esquecer que isso tudo aconteceu”, disse Alexandre.

Enterro sem velório

O corpo da fisioculturista Fabiana Caggiano Paes foi enterrado no último sábado (5), em Jandira, região da Grande São Paulo. O sepultamento aconteceu às 9h no Cemitério AlphaCampus. A família optou por não realizar velório.

A morte de Fabiana

A paulista Fabiana Caggiano Paes, de 36 anos, morreu em Natal no último 2. A causa da morte ainda não foi confirmada oficialmente. Contudo, laudo inicial do Instituto Técnico-Científico de Polícia do RN aponta para características de asfixia mecânica - quando as vias respiratórias são bloqueadas. Fabiana morava em Osasco, na Grande São Paulo. Ela, o marido e alguns familiares viajaram a Natal para passar as festividades de fim de ano.

 Em depoimento à polícia potiguar, o marido disse que Fabiana sofreu um acidente na manhã do dia 27 de dezembro, enquanto tomava banho no apartamento do hotel onde ficaram hospedados. Depois de ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Fabiana foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital, onde permaneceu até morrer.

De acordo com o delegado do caso, Frank Albuquerque, foram encontrados sinais de asfixia mecânica. “Ao abrir os pulmões e a traqueia dela, os peritos verificaram características de asfixia mecânica, como se algum instrumento tivesse colocado força sobre as vias respiratórias de Fabiana. Havia hemorragia ao redor do pescoço dela e pontos de sangue no pulmão que apontam para o sufocamento”, disse o delegado. “É muito difícil isso ter acontecido por causa de uma queda, já que a superfície onde ela caiu é lisa, pois o chão do banheiro do hotel é de azulejo. Não tem condição de tapar totalmente a boca e o nariz dela”, acrescentou.

Hotel em que família Caggiano estava hospedada (Foto: Caroline Holder/G1)

Hotel em que família Caggiano estava hospedada (Foto: Caroline Holder/G1)




Fonte: Do G1 RN

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