Hirouki Noda, da Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Marinha e Terrestre, e Nadia Lapusta, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, basearam suas descobertas em um modelo de computador do terremoto de 11 de março de 2011, que causou um tsunami que matou cerca de 19 mil pessoas e danificou a usina nuclear Fukishima Daiichi, dando origem à pior crise atômica em uma geração.
O terremoto de magnitude 9 sacudiu o nordeste do Japão em parte da chamada Trincheira do Japão, onde a placa do Pacífico escorrega sob a placa de Okhotsk, sobre o qual fica o arquipélago japonês. Seu epicentro foi localizado cerca de 200 km ao leste da ilha Honshu, em Sendai, no centro de uma área em formato de losango no leito do oceano.
Esta área da Trincheira do Japão costumava ser considerada estável, por ser um segmento "deslizante", o que significa que qualquer movimento da placa ali era suave e regular. Segundo uma teoria comumente aceita, este movimento constante evitaria que o estresse chegasse ao ponto de provocar uma ruptura da falha, funcionando como uma válvula de segurança em um dispositivo a vapor.
Mas Noda e Lapusta sugerem que as seções da falha que experimentaram um "deslizar" estável e de longo prazo na verdade se fragilizaram quando uma seção vizinha da falha se rompeu. E se a falha estivesse infiltrada com fluidos geológicos quentes, este atuaria como um lubrificante, ajudando a ocorrer um grande escorregamento.
"Segmentos constantemente deslizantes costumam ser considerados barreiras à ruptura de terremotos. Nosso estudo mostra que eles podem se associar a grandes terremotos, amplificando o perigo sísmico", disse Noda em troca de e-mails com a AFP. Os autores disseram esperar que seu trabalho seja considerado no programa de prontidão para terremotos do Japão. Alguns especialistas acusaram o programa de se focar obsessivamente nos riscos em Tóquio, ao sul de onde o trágico terremoto de 2011 ocorreu.
As descobertas também devem ter implicações para a avaliação de risco na falha de Saint Andrew, que corre debaixo da costa da Califórnia. A falha de Saint Andrew também tem um segmento deslizante, considerado um bloqueador para grandes terremotos, afirmou Noda.
"No entanto, se vai atuar sempre como uma barreira ou poderá se juntar a um grande terremoto não é uma questão trivial", alertou. "Buscar evidências de um deslizamento rápido ou aquecimento friccional no meio do atual segmento rastejante seria importante para julgar se cenários convencionais deveriam ser revistos", acrescentou.
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